Lucas Portela*
Ele implode mitos, e constrói espaços.
Fui a apresentação do plano de reforma do Mercado de São Miguel, na Baixa dos Sapateiros, apresentado por João Filgueiras da Gama Lima, Lelé – talvez o maior arquiteto vivo do planeta (segundo este que vos batuca, mas Oscar Niemeyer concorda comigo).
O que dizer: plano inteligente, exuberante, e factível. E, principalmente, demole alguns mitos fundamentais sobre a mobilidade urbana de Salvador.
Senão vejamos:
1) Em Salvador tudo é longe – Falso! Como Lelé lembra desde os anos 1980, quando criou suas belas passarelas típicas da Capital Barroca, cá na Reconvexa as coisas estão mais perto do que parecem. Por exemplo, entre o Desterro, em Nazaré, e o Terreiro de Jesus, no Pelourinho, há apenas 500m de distância. Contudo, para ir de um ponto ao outro, percorremos quase 4km. Por que? Porque há o vale da Barroquinha no meio do caminho.
Com isso, Lelé nos anuncia uma dádiva: a construção de uma passarela (possivelmente com esteiras rolantes), ligando o Desterro a Rua das Laranjeiras por cima da Avenida José Joaquim Seabra. E mais: pela primeira vez em quarenta anos, finalmente se construirá um elevador urbano em Salvador – ligando a Baixa dos Sapateiros ao Alto de Nazaré. Será o único elevador urbano público que não é de frente pro mar, mas nas costas da Cidade Velha. E será, claro, panorâmico – porque as vistas urbanas de Salvador, desde as barrocas às modernistas (o Vale do Canela) são tão belas quanto a vista (também ela artificialmente construída) da Baía de Todos os Santos.
2) Salvador não dá pra usar bicicleta – Falso também! Segundo o Gabinete de Gestão do Centro Antigo (recentemente premiado pela Caixa Econômica Federal como uma das melhores iniciativas públicas do país, e vai concorrer a prêmio semelhante pela ONU em Dubai), o fluxo cicloviário contado entre a Barroquinha e os Dois Leões é maior do que de outras áreas centrais de capitais brasileiras. Maior que o da Lapa carioca, e o Rio de Janeiro tem uma infraestrutura cicloviária parisiense (a de Salvador, sabemos, é haitiana).
Então, porque se nega isso? É um misto de racismo (a população que pedala aqui é pobre e preta), especulação imobiliária, carrocentrismo galopante, e ausência de elevadores. As bikes em Salvador são, como já dissemos aqui, perfeitas nos vales e nos topos. Entre um e outro é preciso haver elevadores, bondes, e ônibus – ou bicicletários nos sopés onde se as possa guardar e subir andando.
Que mais posso dizer? Que outro mito também se implodiu a si mesmo agora: aquele, criado pela TV Bahia, a Rede Globo local, carlista até os nucleotídeos, de que “O Pelourinho tá abandonaaaaaaaado!”.
Se abandono é ter um prédio cujo funcionamento vai se equiparar ao do Mercadão de São Paulo, com projeto de Lelé que inclui shades e jardins suspensos internos como os de TRE Bahia e do Tribunal de Contas do Estado – se abandono é isso, eu quero mais abandono!
Ele implode mitos, e constrói espaços.
Fui a apresentação do plano de reforma do Mercado de São Miguel, na Baixa dos Sapateiros, apresentado por João Filgueiras da Gama Lima, Lelé – talvez o maior arquiteto vivo do planeta (segundo este que vos batuca, mas Oscar Niemeyer concorda comigo).
O que dizer: plano inteligente, exuberante, e factível. E, principalmente, demole alguns mitos fundamentais sobre a mobilidade urbana de Salvador.
Senão vejamos:
1) Em Salvador tudo é longe – Falso! Como Lelé lembra desde os anos 1980, quando criou suas belas passarelas típicas da Capital Barroca, cá na Reconvexa as coisas estão mais perto do que parecem. Por exemplo, entre o Desterro, em Nazaré, e o Terreiro de Jesus, no Pelourinho, há apenas 500m de distância. Contudo, para ir de um ponto ao outro, percorremos quase 4km. Por que? Porque há o vale da Barroquinha no meio do caminho.
Com isso, Lelé nos anuncia uma dádiva: a construção de uma passarela (possivelmente com esteiras rolantes), ligando o Desterro a Rua das Laranjeiras por cima da Avenida José Joaquim Seabra. E mais: pela primeira vez em quarenta anos, finalmente se construirá um elevador urbano em Salvador – ligando a Baixa dos Sapateiros ao Alto de Nazaré. Será o único elevador urbano público que não é de frente pro mar, mas nas costas da Cidade Velha. E será, claro, panorâmico – porque as vistas urbanas de Salvador, desde as barrocas às modernistas (o Vale do Canela) são tão belas quanto a vista (também ela artificialmente construída) da Baía de Todos os Santos.
2) Salvador não dá pra usar bicicleta – Falso também! Segundo o Gabinete de Gestão do Centro Antigo (recentemente premiado pela Caixa Econômica Federal como uma das melhores iniciativas públicas do país, e vai concorrer a prêmio semelhante pela ONU em Dubai), o fluxo cicloviário contado entre a Barroquinha e os Dois Leões é maior do que de outras áreas centrais de capitais brasileiras. Maior que o da Lapa carioca, e o Rio de Janeiro tem uma infraestrutura cicloviária parisiense (a de Salvador, sabemos, é haitiana).
Então, porque se nega isso? É um misto de racismo (a população que pedala aqui é pobre e preta), especulação imobiliária, carrocentrismo galopante, e ausência de elevadores. As bikes em Salvador são, como já dissemos aqui, perfeitas nos vales e nos topos. Entre um e outro é preciso haver elevadores, bondes, e ônibus – ou bicicletários nos sopés onde se as possa guardar e subir andando.
Que mais posso dizer? Que outro mito também se implodiu a si mesmo agora: aquele, criado pela TV Bahia, a Rede Globo local, carlista até os nucleotídeos, de que “O Pelourinho tá abandonaaaaaaaado!”.
Se abandono é ter um prédio cujo funcionamento vai se equiparar ao do Mercadão de São Paulo, com projeto de Lelé que inclui shades e jardins suspensos internos como os de TRE Bahia e do Tribunal de Contas do Estado – se abandono é isso, eu quero mais abandono!
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