quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Adeus, Belo Monte

Osvaldo Campos Magalhães*
Qualquer que seja o resultado das eleições presidenciais, uma coisa é quase certa, projetos como Belo Monte e trem-bala devem ir para a “geladeira”.
Os expressivos 20 milhões de votos obtidos pela líder ambiental Marina Silva já estão alterando a agenda política e o programa de governo do potencial aliado, seja ele qual for.
Conforme anunciado, Serra já escalou o ex-presidente FHC, e Dilma, o governador Jaques Wagner, para uma aproximação com a candidata e o Partido Verde. Tudo leva a crer que o apoio explícito e engajado de Marina será decisivo no 2º turno.
A grande vitória política de Marina Silva foi a inclusão da questão ambiental e da sustentabilidade na agenda política nacional, e projetos como Belo Monte e trem-bala terão que ser repensados e até mesmo arquivados.
Os exemplos da Inglaterra e Alemanha comprovam o grande potencial econômico de parques eólicos no mar e no continente e deverão, ao lado da geração solar, que tem EUA e Austrália como paradigmas, substituir os megaprojetos que só beneficiam as grandes empreiteiras e agridem o meio ambiente.
Pena que Marina e o PV ainda não entenderam o sentido das mensagens emitidas por Sir James Lovelock, um dos maiores cientistas ambientais vivos, que, nos livros Gaia Cura para um Planeta Doente e A Vingança de Gaia, demonstra as vantagens da energia nuclear, que, segundo Lovelock, se constitui atualmente na única alternativa dos seres humanos para evitar o aquecimento global causado pela emissão de CO².
De qualquer modo, enquanto os Verdes brasileiros não assimilarem esta nova realidade da geração de energia a partir de usinas termelétricas movidas a urânio enriquecido, ao menos teremos agora maiores incentivos para uma política nacional de incentivo à geração solar e eólica.
Este certamente será um fator que fará Marina sair da neutralidade política no 2º turno, seguindo os passos dos Verdes da Alemanha que, pragmaticamente, conseguiram nas últimas décadas introduzir nas políticas públicas do governo alemão a agenda da sustentabilidade.
* Editor deste blog, é Engenheiro e Mestre em Administração - Especialista em tecnologia e competitividade

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