Ney Campelo*
A missão técnica que o governo da Bahia empreendeu na África do Sul, objetivando conhecer e sistematizar a última experiência que antecede a Copa de 2014 resultou em importantes ensinamentos para a organização dos jogos no Brasil.
Mesmo antes de a bola rolar no estádio Soccer City, a cidade de Johanesburgo já se encontrava tomada pelos “bafanas bafanas”, misturados a povos de todo o planeta, numa festa de cores e sons, só comparada ao nosso inigualável Carnaval baiano. Ao que parece, precisei sair do Brasil e cruzar o Atlântico para ver de perto o meu primeiro Carna-Copa.
O barulho ensurdecedor das vuvuzelas como um soar de clarins, associado às coreografias coletivas, anunciava a chegada da primeira jornada esportiva mundial no continente-matriz da ancestralidade humana. Uma copa que consagra a primeira “Copa da diversidade”, pura expressão do pluralismo étnico, a união de povos e nações que, sem escamotear as desigualdades econômicas e diferenças sociais, dá uma lição de humanidade e esperança na construção de uma civilização fundada nos melhores valores éticos e estéticos.
A alegria das ruas em Sandton City, o moderno centro financeiro de Johanesburgo e a catarse humana que ocupa a Mandela Square, praça que exibe a imponente escultura do homem que usou o esporte como estratégia de superação do racismo, são de um simbolismo irrefutável quanto ao poder do futebol em elevar a autoestima de uma nação confrontando preconceitos e quebrando paradigmas quanto ao olhar primitivo vigente sobre o continente africano. A união das nações africanas é o maior legado da Copa, indiscutivelmente. O conceito do empoderamento da sociedade civil pelo esporte é relativamente novo, cuja reflexão haverá de merecer, daqui para frente, um maior interesse de políticos acadêmicos e outros agentes sociais.
O Mundial da África 2010 tem muito a nos ensinar; trata-se da realidade mais próxima do Brasil e da Bahia, tanto em termos dos desafios sociais estipulados, quanto da infraestrutura para abrigar um evento dessa magnitude, mas é necessário capturar essa identidade diferenciada, constituída no itinerário dos fluxos migratórios que marcaram a nossa construção enquanto nação. Salvador é a maior cidade negra fora do continente africano, portanto, beber na fonte dessa experiência contribui para solidificar os vínculos entre esses povos, aprendendo com os erros e acertos que marcaram a organização dos jogos de 2010. estádios, entornos, centros de treinamentos, mobilidade e acessibilidade, sustentabilidade e segurança, serviços, legados sociais, turismo e promoção foram temas observados e serão tecnicamente reportados, inclusive com workshop, que realizaremos ao final da Copa, com a participação da imprensa que cobriu os jogos.
É possível, entretanto, destacar, desde já, esse legado de caráter “imaterial”, pela convicção de que o efeito Copa na alma da nação sul-africana resultará em mudanças no ambiente socioeconômico e na constituição de vínculos geradores de importantes transformações sociais. É o que desejamos para a Bahia em 2014, quando sediaremos nossa primeira Copa, a segunda no País, porque o futebol mais que uma “religião nacional”, precisa representar uma estratégia inteligente, saudável e lúdica, de inclusão social e de desenvolvimento sustentável. Haveremos de ganhar a Copa, mas nos orgulharemos muito mais como brasileiros se ganharmos com a Copa, promovendo externalidades que nos façam cada dia mais um país de todos numa terra de todos nós.
* Secretário Extraordinário para Assuntos da Copa FIFA Brasil 2014
Mesmo antes de a bola rolar no estádio Soccer City, a cidade de Johanesburgo já se encontrava tomada pelos “bafanas bafanas”, misturados a povos de todo o planeta, numa festa de cores e sons, só comparada ao nosso inigualável Carnaval baiano. Ao que parece, precisei sair do Brasil e cruzar o Atlântico para ver de perto o meu primeiro Carna-Copa.
O barulho ensurdecedor das vuvuzelas como um soar de clarins, associado às coreografias coletivas, anunciava a chegada da primeira jornada esportiva mundial no continente-matriz da ancestralidade humana. Uma copa que consagra a primeira “Copa da diversidade”, pura expressão do pluralismo étnico, a união de povos e nações que, sem escamotear as desigualdades econômicas e diferenças sociais, dá uma lição de humanidade e esperança na construção de uma civilização fundada nos melhores valores éticos e estéticos.
A alegria das ruas em Sandton City, o moderno centro financeiro de Johanesburgo e a catarse humana que ocupa a Mandela Square, praça que exibe a imponente escultura do homem que usou o esporte como estratégia de superação do racismo, são de um simbolismo irrefutável quanto ao poder do futebol em elevar a autoestima de uma nação confrontando preconceitos e quebrando paradigmas quanto ao olhar primitivo vigente sobre o continente africano. A união das nações africanas é o maior legado da Copa, indiscutivelmente. O conceito do empoderamento da sociedade civil pelo esporte é relativamente novo, cuja reflexão haverá de merecer, daqui para frente, um maior interesse de políticos acadêmicos e outros agentes sociais.
O Mundial da África 2010 tem muito a nos ensinar; trata-se da realidade mais próxima do Brasil e da Bahia, tanto em termos dos desafios sociais estipulados, quanto da infraestrutura para abrigar um evento dessa magnitude, mas é necessário capturar essa identidade diferenciada, constituída no itinerário dos fluxos migratórios que marcaram a nossa construção enquanto nação. Salvador é a maior cidade negra fora do continente africano, portanto, beber na fonte dessa experiência contribui para solidificar os vínculos entre esses povos, aprendendo com os erros e acertos que marcaram a organização dos jogos de 2010. estádios, entornos, centros de treinamentos, mobilidade e acessibilidade, sustentabilidade e segurança, serviços, legados sociais, turismo e promoção foram temas observados e serão tecnicamente reportados, inclusive com workshop, que realizaremos ao final da Copa, com a participação da imprensa que cobriu os jogos.
É possível, entretanto, destacar, desde já, esse legado de caráter “imaterial”, pela convicção de que o efeito Copa na alma da nação sul-africana resultará em mudanças no ambiente socioeconômico e na constituição de vínculos geradores de importantes transformações sociais. É o que desejamos para a Bahia em 2014, quando sediaremos nossa primeira Copa, a segunda no País, porque o futebol mais que uma “religião nacional”, precisa representar uma estratégia inteligente, saudável e lúdica, de inclusão social e de desenvolvimento sustentável. Haveremos de ganhar a Copa, mas nos orgulharemos muito mais como brasileiros se ganharmos com a Copa, promovendo externalidades que nos façam cada dia mais um país de todos numa terra de todos nós.
* Secretário Extraordinário para Assuntos da Copa FIFA Brasil 2014
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