Ricardo Noblat*
Sabe de uma coisa? Melhor assim.
A mais recente pesquisa de intenções de voto para presidente aplicada pelo Instituto Datafolha registrou um empate técnico entre José Serra e Dilma Rousseff – 39% a 38%.
Em maio passado, ambos estavam empatados com 37%. Oscilaram dentro da margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Há 10 dias, Ibope e Vox Populi haviam dado cinco pontos de vantagem para Dilma – 40% contra 35%. No último fim de semana, o Ibope cravou 39% a 39%. Corrigiu algum “desvio de amostragem”. Eu disse de amostragem, não de comportamento.
De resto, um período de 15, 10 ou um dia é suficiente para mudar índices de intenção de voto – mais ainda quando os eleitores permanecem indiferentes à eleição. Estavam ligados na sorte do Brasil na Copa do Mundo.
O time de Dunga afundou depressa. Imagine só se o de Serra ou de Dilma tivesse afundado antes do início oficial da campanha. Ou do início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão marcado para o dia 17 de agosto.
Convenhamos: a eleição perderia sua graça. Não para os eleitores. Mas para nós, jornalistas. E para os políticos. E para lobistas e homens de negócios. E para caçadores de empregos.
Ah, se o distinto público soubesse como se faz política - os interesses inconfessáveis que se escondem por trás dela, o que move tanta gente a disputar cargos, como os candidatos são escolhidos e alguns aceitam concorrer sem acreditar em suas próprias chances.
Você acha, por exemplo, que o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) queria ser candidato outra vez ao governo de Pernambuco? Pois será para que o PSDB nacional tenha um palanque no Estado.
Jarbas acredita que derrotará Eduardo Campos (PSB), candidato à reeleição? Acredita em uma vitória de Serra? Somente se a campanha de Serra fosse radicalmente reformulada, confessou ele outro dia numa roda de amigos em Brasília.
Haverá reformulação? Jarbas duvida. Então por que ele é candidato a uma derrota mais ou menos certa? Porque é amigo de Serra. Porque tem mais quatro anos de mandato como senador e não ficará ao relento.
Geddel Vieira Lima (PMDB) (foto) é candidato ao governo da Bahia porque se perder sairá candidato daqui a dois anos à prefeitura de Salvador. E candidato forte. Caso se eleja prefeito ocupará o cargo durante dois anos à espera da próxima eleição para governador.
A Câmara dos Deputados não o atrai mais. É moço. Quer governar seu Estado.
Mais moço do que ele é Indio da Costa (DEM), o vice de Serra. Não se imagina vice. O DEM imagina vê-lo como prefeito do Rio e, mais adiante, governador.
As pesquisas Datafolha e Ibope salvaram Serra de ser largado de mão antes do tempo. Para quem em junho protagonizou tantos programas e comerciais de partidos políticos no rádio e na televisão, ele deveria ter aberto uma vantagem de cinco ou mais pontos sobre Dilma.
Ficou com o mesmo tamanho que tinha em maio, segundo o Datafolha. Empatou com Dilma depois de estar perdendo para ela, segundo o Ibope.
Os que torcem por Serra voltaram a se animar – e com razão, vá lá.
Serra é um político experiente e cerebral. Muito antes de admitir de público sua candidatura, procurou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e disse que sabia que perderia a eleição para Lula. Venceria com folga mais uma eleição para governador de São Paulo.
Fernando Henrique o convenceu a enfrentar Lula em nome dos superiores interesses políticos e econômicos paulistas que hoje controlam o PSDB. E que seguirão controlando o partido e o governo estadual com Geraldo Alckmin.
É fato também que Serra gostou de uma pesquisa encomendada pelo PSDB e destinada a provar que ele deverá derrotar Lula – quer dizer, e com todo o respeito, o poste escolhido por Lula para sucedê-lo.
Política não é só pragmatismo. É também um espaço fértil para sonhos e ilusões. E vai que o poste, de repente, apaga sei lá por quê.
A mais recente pesquisa de intenções de voto para presidente aplicada pelo Instituto Datafolha registrou um empate técnico entre José Serra e Dilma Rousseff – 39% a 38%.
Em maio passado, ambos estavam empatados com 37%. Oscilaram dentro da margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Há 10 dias, Ibope e Vox Populi haviam dado cinco pontos de vantagem para Dilma – 40% contra 35%. No último fim de semana, o Ibope cravou 39% a 39%. Corrigiu algum “desvio de amostragem”. Eu disse de amostragem, não de comportamento.
De resto, um período de 15, 10 ou um dia é suficiente para mudar índices de intenção de voto – mais ainda quando os eleitores permanecem indiferentes à eleição. Estavam ligados na sorte do Brasil na Copa do Mundo.
O time de Dunga afundou depressa. Imagine só se o de Serra ou de Dilma tivesse afundado antes do início oficial da campanha. Ou do início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão marcado para o dia 17 de agosto.
Convenhamos: a eleição perderia sua graça. Não para os eleitores. Mas para nós, jornalistas. E para os políticos. E para lobistas e homens de negócios. E para caçadores de empregos.
Ah, se o distinto público soubesse como se faz política - os interesses inconfessáveis que se escondem por trás dela, o que move tanta gente a disputar cargos, como os candidatos são escolhidos e alguns aceitam concorrer sem acreditar em suas próprias chances.
Você acha, por exemplo, que o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) queria ser candidato outra vez ao governo de Pernambuco? Pois será para que o PSDB nacional tenha um palanque no Estado.
Jarbas acredita que derrotará Eduardo Campos (PSB), candidato à reeleição? Acredita em uma vitória de Serra? Somente se a campanha de Serra fosse radicalmente reformulada, confessou ele outro dia numa roda de amigos em Brasília.
Haverá reformulação? Jarbas duvida. Então por que ele é candidato a uma derrota mais ou menos certa? Porque é amigo de Serra. Porque tem mais quatro anos de mandato como senador e não ficará ao relento.
Geddel Vieira Lima (PMDB) (foto) é candidato ao governo da Bahia porque se perder sairá candidato daqui a dois anos à prefeitura de Salvador. E candidato forte. Caso se eleja prefeito ocupará o cargo durante dois anos à espera da próxima eleição para governador.
A Câmara dos Deputados não o atrai mais. É moço. Quer governar seu Estado.
Mais moço do que ele é Indio da Costa (DEM), o vice de Serra. Não se imagina vice. O DEM imagina vê-lo como prefeito do Rio e, mais adiante, governador.
As pesquisas Datafolha e Ibope salvaram Serra de ser largado de mão antes do tempo. Para quem em junho protagonizou tantos programas e comerciais de partidos políticos no rádio e na televisão, ele deveria ter aberto uma vantagem de cinco ou mais pontos sobre Dilma.
Ficou com o mesmo tamanho que tinha em maio, segundo o Datafolha. Empatou com Dilma depois de estar perdendo para ela, segundo o Ibope.
Os que torcem por Serra voltaram a se animar – e com razão, vá lá.
Serra é um político experiente e cerebral. Muito antes de admitir de público sua candidatura, procurou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e disse que sabia que perderia a eleição para Lula. Venceria com folga mais uma eleição para governador de São Paulo.
Fernando Henrique o convenceu a enfrentar Lula em nome dos superiores interesses políticos e econômicos paulistas que hoje controlam o PSDB. E que seguirão controlando o partido e o governo estadual com Geraldo Alckmin.
É fato também que Serra gostou de uma pesquisa encomendada pelo PSDB e destinada a provar que ele deverá derrotar Lula – quer dizer, e com todo o respeito, o poste escolhido por Lula para sucedê-lo.
Política não é só pragmatismo. É também um espaço fértil para sonhos e ilusões. E vai que o poste, de repente, apaga sei lá por quê.
* Publicado originalmente no blog do autor
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