Marcus Alban
No último domingo, com Rubens Barrichello vencendo o Grande Prêmio de Valência, pudemos novamente gozar da sensação de estar no centro dos grandes esportes globais. Mas o GP de Valência não deveria ser percebido apenas pela vitória de Barrichello. Ocorre que em Valência vimos também um verdadeiro exemplo de como sediar grandes eventos desportivos.
Eventos desportivos, como a Fórmula-1, as Olimpíadas e a Copa, são na atualidade empreendimentos extremamente custosos, em si deficitários, e que, por isso mesmo, não se viabilizam apenas com recursos privados. Mesmo assim, são cada vez mais disputados por cidades e países interessados em sediá-los. A razão desse aparente paradoxo é que esses eventos têm também enormes externalidades positivas.
Assim, se bem planejados, eles podem transformar os déficits de curto prazo em virtuosos superávits de longo prazo.
A principal externalidade desses eventos é certamente a mídia espontânea que eles geram.
É por isso que eles são tão demandados por cidades turísticas. Se uma cidade é turisticamente atrativa, ou potencialmente atrativa, com o evento se monta a infraestrutura necessária – inclusive no tocante aos atrativos –, e na realização do mesmo se divulga ao mundo, praticamente sem custos, um novo destino a ser conhecido por todos. Em linhas gerais, foi exatamente esse o processo vivido por Valência.
Como toda cidade mediterrânea, Valência de há muito possuía uma economia turística.
Esta, entretanto, era basicamente voltada para o mercado interno. Para reverter esse quadro, espelhando-se em Barcelona, a partir dos anos 90 ela passa a implementar toda uma estratégia de desenvolvimento que, entre outras ações, irão implicar: a dinamização de seu centro histórico, a implantação da Cidade das Artes e das Ciências (fotos)– com os grandes projetos de Calatrava – e a reconfiguração, para atividades de cultura e lazer, de sua antiga zona portuária.
Com essas intervenções, Valência, ainda mais bonita, tornou-se uma das cidades mais modernas e cosmopolitas da Europa, e de maneira bastante planejada vem se divulgando nos últimos anos através da atração de grandes eventos como a America’s Cup e mais recentemente a Fórmula-1. Esses eventos, naturalmente, ocorrem no entorno das recentes intervenções. Assim, quem no domingo viu a vitória de Barrichello viu também a moderna orla da cidade e boa parte dos projetos escultóricos do Calatrava .
Tudo isso, é claro, tem muito a ver com Salvador.
Somos uma cidade de graves problemas, mas com grande potencial cultural e turístico e devemos ser uma das sedes da Copa em 2014.
Temos, portanto, uma chance fantástica de dar uma grande virada na cidade. Para isso, porém, é preciso desenvolver a cidade e os seus atrativos e, até o momento, não temos sequer a estratégia para tal. Infelizmente, continuamos apenas com a discussão do estádio, correndo o risco, quem sabe, de termos a Copa em Pituaçu, onde mostraremos ao mundo o nosso belo CAB, que nem se fez no propalado GP da Stock Car.
Artigo publicado no jornal A Tarde em 25/08/2009
No último domingo, com Rubens Barrichello vencendo o Grande Prêmio de Valência, pudemos novamente gozar da sensação de estar no centro dos grandes esportes globais. Mas o GP de Valência não deveria ser percebido apenas pela vitória de Barrichello. Ocorre que em Valência vimos também um verdadeiro exemplo de como sediar grandes eventos desportivos.
Eventos desportivos, como a Fórmula-1, as Olimpíadas e a Copa, são na atualidade empreendimentos extremamente custosos, em si deficitários, e que, por isso mesmo, não se viabilizam apenas com recursos privados. Mesmo assim, são cada vez mais disputados por cidades e países interessados em sediá-los. A razão desse aparente paradoxo é que esses eventos têm também enormes externalidades positivas.
Assim, se bem planejados, eles podem transformar os déficits de curto prazo em virtuosos superávits de longo prazo.
A principal externalidade desses eventos é certamente a mídia espontânea que eles geram.
É por isso que eles são tão demandados por cidades turísticas. Se uma cidade é turisticamente atrativa, ou potencialmente atrativa, com o evento se monta a infraestrutura necessária – inclusive no tocante aos atrativos –, e na realização do mesmo se divulga ao mundo, praticamente sem custos, um novo destino a ser conhecido por todos. Em linhas gerais, foi exatamente esse o processo vivido por Valência.
Como toda cidade mediterrânea, Valência de há muito possuía uma economia turística.
Esta, entretanto, era basicamente voltada para o mercado interno. Para reverter esse quadro, espelhando-se em Barcelona, a partir dos anos 90 ela passa a implementar toda uma estratégia de desenvolvimento que, entre outras ações, irão implicar: a dinamização de seu centro histórico, a implantação da Cidade das Artes e das Ciências (fotos)– com os grandes projetos de Calatrava – e a reconfiguração, para atividades de cultura e lazer, de sua antiga zona portuária.
Com essas intervenções, Valência, ainda mais bonita, tornou-se uma das cidades mais modernas e cosmopolitas da Europa, e de maneira bastante planejada vem se divulgando nos últimos anos através da atração de grandes eventos como a America’s Cup e mais recentemente a Fórmula-1. Esses eventos, naturalmente, ocorrem no entorno das recentes intervenções. Assim, quem no domingo viu a vitória de Barrichello viu também a moderna orla da cidade e boa parte dos projetos escultóricos do Calatrava .
Tudo isso, é claro, tem muito a ver com Salvador.
Somos uma cidade de graves problemas, mas com grande potencial cultural e turístico e devemos ser uma das sedes da Copa em 2014.
Temos, portanto, uma chance fantástica de dar uma grande virada na cidade. Para isso, porém, é preciso desenvolver a cidade e os seus atrativos e, até o momento, não temos sequer a estratégia para tal. Infelizmente, continuamos apenas com a discussão do estádio, correndo o risco, quem sabe, de termos a Copa em Pituaçu, onde mostraremos ao mundo o nosso belo CAB, que nem se fez no propalado GP da Stock Car.
Artigo publicado no jornal A Tarde em 25/08/2009
Nenhum comentário:
Postar um comentário