Almir Santos
Ele cada dia que passa, mais faz parte da vida do habitante da cidade grande.
O ritual de almoçar em casa é uma coisa que está acabando. Hoje, quando muito, reúne-se a família para o jantar, somente aos domingos ou em eventos especiais, o que é uma pena. Marido e mulher trabalham, filhos estudam, os horários são desencontrados. Durante a semana há uma grande necessidade da utilização de restaurantes e lanchonetes porque não há tempo e a correria é grande.
Não se pode, pois prescindir dos serviços do garçom. O executivo, o trabalhador o estudante, todos usam seus serviços. Também o boêmio, e como!
Faz parte de uma classe numerosa onde se reúnem os mais variados tipos.
Usam-se também muito os seus serviços no lazer, especialmente à noite. É nesse segmento que se reúnem os tipos mais engraçados, mais curiosos, mais folclóricos. Por que não dizer? Os mais espertos.
São incansáveis. Há garçons excelentes, bem qualificados, educados, mas há também outros que muito deixam a desejar.
Há os discretos e os indiscretos.
O garçom tem de falar o mínimo possível com o cliente, para não se trair, principalmente se o cliente estiver acompanhado.
"- Vai comer o Filé a Parmigiana, doutor?"
Isso não se faz. Espera–se que o cliente tome a iniciativa.
Já pensou?
"- Alô. É a esposa de Dr. João? É do restaurante que senhora esteve ontem. Ele deixou cair o talão de cheque, está aqui guardado".
Não foi com ela que ele estava.
Há os desligados. O cliente pede um bife acebolado e o garçom traz um bife à milanesa.
Outro traz um churrasco bem passado em lugar de mal passado ou uma cerveja Caracu em vez de Skol. Vinho suave em lugar de seco.
Há os que ficam de costas para o cliente, assistindo o jogo de futebol ou conversando com o colega.
Há os que erram a conta. E como... sempre para mais, é claro. Somam até a data com as demais parcelas. Incluem cuba-libre na conta de quem só consumiu chopp.
Há os que adulteram a conta.
E os discutidos 10%?
É sempre constrangedor, discutir-se se são ou não devidos.
Muitos restaurantes têm em seus cardápios em lugar bem visível. Não cobramos 10% ou Não cobramos taxa de serviço.
Nesses mesmos restaurantes, a conta emitida impressa, muito bem apresentada, vem incluída a caneta a maldita taxa.
Há ainda os caras-de-pau que ainda têm coragem de contar suas malandragens.
" Imagine, doutor. Fui garçom do Clube Harmonia de Tênis em São Paulo ".
" Trabalhei em Caldas Novas em Goiás. Me armei".
Principalmente na noite vivi muitas histórias.
Uma aconteceu na tranqüila Salvador dos anos 70, em frente à Lanches Bahia, esquina do Politeama de Cima e a Avenida Sete.
Era um lugar muito freqüentado por mim e meus amigos. Todos os garçons nos conheciam pelo nome e vice- versa.
Lá, como também faziam Helinho e o Gordo, deixávamos nossos recados e informávamos a nossa direção por intermédio de Ailton, Barbosa, Crush, Lourival e outros. O advento do celular ainda não tinha chegado.
Nesse dia estava sendo atendido dentro do carro, ao lado de uma linda jovem de olhos azuis, por Lourival, que a meu ver, era o mais simpático e o mais atencioso.
Quando me trouxe a conta senti que havia na mesma um erro grosseiro.
Delicadamente, falei com o Lourival sobre a minha observação, que não questionou em corrigir o erro, pedindo-me desculpas pelo incidente.
No dia seguinte, sozinho, voltei à lanchonete, lembrei-me do ocorrido e perguntei ao Lourival: - rapaz, você, meu amigo, ontem queria me roubar, não foi?
Ele deu uma risadinha sem vergonha e respondeu: - o senhor estava tão empolgado, com uma namorada nova, com cara de americana, pensei que não ia conferir a conta.
Para esse fato só tinha uma única resposta: - você é um bom....
Com tudo isso, pela sua franqueza, simpatia e competência, continuou sendo o meu garçom preferido
Ele cada dia que passa, mais faz parte da vida do habitante da cidade grande.
O ritual de almoçar em casa é uma coisa que está acabando. Hoje, quando muito, reúne-se a família para o jantar, somente aos domingos ou em eventos especiais, o que é uma pena. Marido e mulher trabalham, filhos estudam, os horários são desencontrados. Durante a semana há uma grande necessidade da utilização de restaurantes e lanchonetes porque não há tempo e a correria é grande.
Não se pode, pois prescindir dos serviços do garçom. O executivo, o trabalhador o estudante, todos usam seus serviços. Também o boêmio, e como!
Faz parte de uma classe numerosa onde se reúnem os mais variados tipos.
Usam-se também muito os seus serviços no lazer, especialmente à noite. É nesse segmento que se reúnem os tipos mais engraçados, mais curiosos, mais folclóricos. Por que não dizer? Os mais espertos.
São incansáveis. Há garçons excelentes, bem qualificados, educados, mas há também outros que muito deixam a desejar.
Há os discretos e os indiscretos.
O garçom tem de falar o mínimo possível com o cliente, para não se trair, principalmente se o cliente estiver acompanhado.
"- Vai comer o Filé a Parmigiana, doutor?"
Isso não se faz. Espera–se que o cliente tome a iniciativa.
Já pensou?
"- Alô. É a esposa de Dr. João? É do restaurante que senhora esteve ontem. Ele deixou cair o talão de cheque, está aqui guardado".
Não foi com ela que ele estava.
Há os desligados. O cliente pede um bife acebolado e o garçom traz um bife à milanesa.
Outro traz um churrasco bem passado em lugar de mal passado ou uma cerveja Caracu em vez de Skol. Vinho suave em lugar de seco.
Há os que ficam de costas para o cliente, assistindo o jogo de futebol ou conversando com o colega.
Há os que erram a conta. E como... sempre para mais, é claro. Somam até a data com as demais parcelas. Incluem cuba-libre na conta de quem só consumiu chopp.
Há os que adulteram a conta.
E os discutidos 10%?
É sempre constrangedor, discutir-se se são ou não devidos.
Muitos restaurantes têm em seus cardápios em lugar bem visível. Não cobramos 10% ou Não cobramos taxa de serviço.
Nesses mesmos restaurantes, a conta emitida impressa, muito bem apresentada, vem incluída a caneta a maldita taxa.
Há ainda os caras-de-pau que ainda têm coragem de contar suas malandragens.
" Imagine, doutor. Fui garçom do Clube Harmonia de Tênis em São Paulo ".
" Trabalhei em Caldas Novas em Goiás. Me armei".
Principalmente na noite vivi muitas histórias.
Uma aconteceu na tranqüila Salvador dos anos 70, em frente à Lanches Bahia, esquina do Politeama de Cima e a Avenida Sete.
Era um lugar muito freqüentado por mim e meus amigos. Todos os garçons nos conheciam pelo nome e vice- versa.
Lá, como também faziam Helinho e o Gordo, deixávamos nossos recados e informávamos a nossa direção por intermédio de Ailton, Barbosa, Crush, Lourival e outros. O advento do celular ainda não tinha chegado.
Nesse dia estava sendo atendido dentro do carro, ao lado de uma linda jovem de olhos azuis, por Lourival, que a meu ver, era o mais simpático e o mais atencioso.
Quando me trouxe a conta senti que havia na mesma um erro grosseiro.
Delicadamente, falei com o Lourival sobre a minha observação, que não questionou em corrigir o erro, pedindo-me desculpas pelo incidente.
No dia seguinte, sozinho, voltei à lanchonete, lembrei-me do ocorrido e perguntei ao Lourival: - rapaz, você, meu amigo, ontem queria me roubar, não foi?
Ele deu uma risadinha sem vergonha e respondeu: - o senhor estava tão empolgado, com uma namorada nova, com cara de americana, pensei que não ia conferir a conta.
Para esse fato só tinha uma única resposta: - você é um bom....
Com tudo isso, pela sua franqueza, simpatia e competência, continuou sendo o meu garçom preferido
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