terça-feira, 30 de junho de 2009

Profissionalização de dirigentes portuários é reinvindicação na Bahia

da Reportagem PortoGente

Quando
se tornou ministro dos Portos, em 2007, Pedro Brito deixou claro que tinha como objetivo profissionalizar a administração dos portos brasileiros. Seria o fim da indicação política. No entanto, dois anos depois, a Bahia não sabe o que é isso e a Companha Docas local, a Codeba, completa em julho oito meses sob o comando de um presidente interino. Por isso, o engenheiro civil e mestre em administração Osvaldo Campos Magalhães(foto),, coordenador do Núcleo de Estudos em Logística, Transportes e Tecnologias Sustentáveis (Nelt), defende a urgente profissionalização dos dirigentes portuários. Ao PortoGente, ele argumentou que os portos e terminais privativos da Bahia são exemplos do que pode ser feito no Estado. Difícil, avalia, é implementar tais medidas em uma estatal que já teve seis presidentes nos últimos seis anos. “É preciso encarar a atividade portuária como prioridade para o desenvolvimento da Bahia. A profissionalização dos dirigentes portuários e a aceleração dos arrendamentos à iniciativa privada são fundamentais”. Confira abaixo a íntegra da entrevista e não deixe de opinar sobre o tema.
PortoGente - Os portos baianos pararam no tempo?
Osvaldo Magalhães – Podemos separar esta pergunta entre os portos públicos e os terminais privativos. Os portos privativos baianos têm vivenciado investimentos expressivos. Foram implantados, desde 2002, os terminais da Aracruz em Caravelas, da Veracell em Belmonte, da Ford em Candeias e Dias Branco em Salvador. Vale destacar que somente pelo terminal da Ford em Candeias, o valor das exportações tem superado nos últimos anos o total exportado por Pernambuco.

Terminal da Ford

PortoGente – Essa realidade positiva está longe dos portos públicos?
Osvaldo Magalhães - Nos portos públicos da Codeba, a situação é outra. Marcada pela
alta rotatividade de seus dirigentes, a Codeba, além de ter paralisado o seu programa de arrendamentos de áreas e instalações, não tem realizado os investimentos necessários para atender ao crescimento da economia baiana.
PortoGente - O que fazer para trazer o desenvolvimento de volta a eles?
Osvaldo Magalhães - Antes de tudo, é preciso encarar a atividade portuária como prioridade para o desenvolvimento da Bahia. A profissionalização dos dirigentes portuários e a aceleração dos arrendamentos à iniciativa privada são fundamentais. Atrair o capital privado e retomar os investimentos públicos, principalmente na dragagem e nas obras de infraestrutura portuária, são essenciais para a volta do desenvolvimento dos portos baianos.
PortoGente - Qual a melhor maneira de expandir o terminal de contêineres de Salvador?
Osvaldo Magalhães - A última grande expansão, iniciada a partir de 1999, foi através da privatização do terminal. Este fato possibilitou a vinda da Ford para a Bahia em 2001. Acreditamos que é essencial a atração de capital privado para expandir o terminal. O aditivo ao contrato com a Wilson Sons seria a forma mais rápida, caso seja juridicamente possível. Neste caso, a Antaq (Agência Nacional de Transporte Aquaviário) e a Codeba deveriam estabelecer mecanismos de controle de preços e qualidade de serviços, evitando danos aos usuários. Um novo terminal só seria viável com investimentos públicos na infraestrutura.

PortoGente - A cada ano aumenta a quantidade de cargas produzidas na Bahia e que são movimentadas em portos de outros estados nordestinos. A Usuport defende a estadualização da Codeba. Em sua opinião, isso resolve?
Osvaldo Magalhães - Acredito que a solução passa pela descentralização administrativa dos portos baianos. O modelo de administração federal tem se mostrado falido no Brasil. Os principais portos concorrentes dos terminais baianos (
Suape e Pecém) são administrados pelos estados de Pernambuco e Ceará e, conforme pesquisas recentes junto aos usuários, vêm apresentando resultados operacionais superiores aos dos portos baianos. Sou favorável à municipalização do Porto de Salvador e à estadualização dos portos de Aratu e Ilhéus.
PortoGente - Fala-se em Porto Sul. Ele não pode roubar cargas dos outros três portos baianos? Quatro portos para a Bahia não são muita coisa?
Osvaldo Magalhães - O
projeto do Porto Sul surge em decorrência da descoberta de uma grande jazida de minério de ferro na região de Caetité. Serão portos complementares e não concorrentes. Os mais de 1.100 km de litoral marítimo possibilitam à Bahia um número ainda maior de portos, haja vista os terminais privados que vêm sendo implantados no estado nos últimos anos. Porto Sul
PortoGente - Como trazer mais navios para os portos de Aratu e Ilhéus?
Osvaldo Magalhães - Antes de mais nada, é preciso assegurar uma profundidade mínima de 14 metros em Aratu e Salvador e 12 em Ilhéus. O novo Porto Sul em Ilhéus está sendo projetado com uma profundidade superior a 15 metros, visando atrair a nova geração de navios que estão sendo introduzidos no mercado nacional.
PortoGente - Apostar no turismo de passageiros é uma boa para Salvador?
Osvaldo Magalhães - O mercado de cruzeiros no Brasil e em Salvador e Ilhéus tem crescido bastante nos últimos anos. Salvador deve realizar investimentos, com a participação da iniciativa privada, num moderno terminal de passageiros, objetivando se posicionar como hub port regional de cruzeiros marítimos.
PortoGente - O setor logístico sentiu os efeitos da crise mundial na Bahia?
Osvaldo Magalhães - No primeiro semestre, a movimentação de cargas nos portos públicos baianos deve apresentar queda superior a 20%, pelo menos é o que se espera e se diz entre os especialistas. Acreditamos numa recuperação a partir de julho.
PortoGente - Logisticamente, a Bahia está
preparada para a Copa do Mundo de 2014?
Osvaldo Magalhães - Precisamos realizar investimentos na ampliação do aeroporto internacional de Salvador, terminal e nova pista de pouso. Implantar um sistema de transporte de massa entre o aeroporto e o centro da Cidade. No Porto, por sua vez, se faz necessária a construção de um novo terminal de cruzeiros marítimos.

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