domingo, 7 de junho de 2009

Impasse nos Portos da Bahia

Osvaldo Campos Magalhães

Já estamos em junho e desde o final de dezembro a Codeba, permanece sem o seu presidente. Enquanto isto, a crise financeira global, que afetou fortemente o comércio mundial, já mostra seus reflexos nos portos baianos com queda acentuada na movimentação e na receita.
E continua a indefinição em relação à ampliação do porto de Salvador, o que trará prejuízos futuros para toda economia baiana.
Ao mesmo tempo, os portos concorrentes de Pecém, Suape, Recife, administrados localmente por seus governos estaduais, são tratados como prioridades estratégicas na atração de novos empreendimentos e na geração de emprego e renda.
O que tem levado os baianos ao imobilismo em tema de tal importância? É chegada a hora do Governo da Bahia tomar uma posição política em defesa da nossa economia e do comércio exterior baiano.
Também em relação ao turismo marítimo, permanece o imobilismo na Codeba.
Apesar de Salvador apresentar um crescimento expressivo no número de escalas de Cruzeiros Marítimos, 103, com mais de 150.000 turistas visitando a cidade na última temporada encerrada em abril, os investimentos previstos para a implantação de um moderno terminal de cruzeiros marítimos desde 1990, permanecem indefinidos.
A concepção equivocada dos atuais administradores e dos novos planejadores do município de Salvador acerca da importância do porto de Salvador para a economia da cidade e do estado, as constantes mudanças na presidência da Codeba, seis nos últimos seis anos são fatores determinantes para a atual situação de incertezas.
O pensamento do novo secretário de planejamento do estado é um sinal alentador. Nada impede que Salvador, a exemplo de outras cidades como Barcelona e Amsterdan, continue sendo um importante porto cargueiro, especializado em contêineres e, também invista no segmento do turismo marítimo.
Em Barcelona, há 15 anos, os números eram semelhantes ao do porto de Salvador, cerca de 100 navios de cruzeiros e movimentação de 350.000 conteineres. Com a liderança do governo regional da Catalunha, o porto investiu na modernização das instalações de turismo e de movimentação de contêineres. Atualmente, com mais de 1.000.000 de turistas marítimos e cerca de 2.300.000 conteineres, é o porto líder no Mediterrâneo nestes dois segmentos.
Com a implantação do Porto Sul em Ilhéus, o Governo da Bahia deveria criar uma empresa portuária como fizeram o Ceará, Pernambuco e até o nosso vizinho estado de Sergipe e assumir a gestão dos portos públicos do estado, direcionando os mesmos para um novo ciclo de investimentos e modernização.

Osvaldo Campos Magalhães, engenheiro e Mestre em Administração, é autor da tese Portos & Competitividade ( UFBA/1994) e coordena o Núcleo de Estudos em Logística e Transportes

Artigo publicado no site da Usuport. http://www.usuport.org.br

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