sexta-feira, 10 de julho de 2015

Nenhum pio?

Osvaldo Campos Magalhães*
Enquanto vivencia as maiores crises econômicas e políticas dos seus cinco anos de mandato, seriamente ameaçada de sofrer um processo de Impeachment, desde que o Tribunal de Contas da União identificou uma diferença de R$ 251 bilhões entre os gastos do governo e o efetivamente arrecadado, com a utilização dos bancos públicos federais para “maquiar” a contabilidade criativa do governo, a presidenta Dilma volta a lançar mais um pacote de investimentos em infraestrutura, o PIL, que será apresentado aos empresários baianos, logo mais, nesta sexta-feira, no auditório da FIEB, pelo Ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues.
Será uma excelente oportunidade para os empresários relatarem ao novo ministro as péssimas condições da infraestrutura de transportes na Bahia e os diversos projetos anunciados nos últimos anos e que não se viabilizaram, prejudicando os setores produtivos baianos.
Lembremos que a propaganda tem sido a marca registrada deste governo, com anúncios frequentes de grandes projetos e programas que sistematicamente deixam de ser executados. Durante o primeiro mandato da presidenta, as prioridades eram o TAV - Trem de Alta Velocidade, ligando Campinas, São Paulo e Rio, a ponte Salvador – Itaparica e os novos modelos de investimentos em portos e ferrovias. Apesar de vultosos recursos terem sido utilizados em estudos, projetos e publicidade, nenhum deles resultou em investimentos efetivos na melhoria da infraestrutura de transportes do Brasil.
Na Bahia, o maior projeto de infraestrutura, a FIOL, se encontra paralisada, com menos de 50% das obras realizadas, sendo que o Porto Sul nem sequer foi iniciado. Nossa malha ferroviária de mais de 1.500 km, concessionada a uma subsidiária da Companhia Vale do Rio Doce, encontra-se praticamente desativada, trechos da BR 242, importante rodovia para escoamento da soja na Bahia se deteriora a olhos vistos sem manutenção adequada. No porto de Aratu, com berços congestionados, navios aguardam por mais de 20 dias para iniciarem suas operações, nosso aeroporto internacional, com esteiras quebradas, deficiência nos serviços e obras infindáveis prejudica o turismo em Salvador e a BR 324, principal corredor de transpores da Bahia, convive com engarrafamentos e péssimos serviços, resultado de um modelo de concessão que privilegiou o baixo preço dos pedágios e inadequados e insuficientes serviços.
Obras como a duplicação da BR 101, recuperação da BR 242, terceira faixa na BR 324 entre Salvador e Feira de Santana, nova pista e um novo e moderno terminal para o aeroporto de Salvador, ampliação do terminal de conteines no porto de Salvador e a privatização do porto de Aratu, são urgentes e imprescindíveis para nossa economia.
A visita do novo Ministro dos Transportes será uma oportunidade para que a classe empresarial baiana se posicione firmemente em defesa de efetivos investimentos na infraestrutura de transportes no estado. Não podemos assistir mais uma vez a anúncios de projetos mirabolantes, como o da ferrovia bi oceânica, ponte Salvador – Itaparica, enquanto assistimos ao colapso da nossa infraestrutura de transportes, sem ao menos esboçar um pio.
*Membro do Conselho de Infraestrutura da FIEB

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