Possuindo vantagens
competitivas naturais indiscutíveis no setor de logística, como se explica a
defasagem da Bahia no que diz respeito à sua infraestrutura de transportes?
Possuindo a maior
faixa litorânea do país, como mais de 1.100km, duas extensas baías, ideais para
o desenvolvimento do transporte aquaviário e para a implantação de terminais
portuários, um dos mais extensos trechos hidroviários, no rio São Francisco e,
a segunda maior malha rodoviária federal, como explicar o atraso do Estado da
Bahia neste segmento?
A explicação pode
estar relacionada à omissão do Governo da Bahia em relação à infraestrutura de
transportes do Estado.
Como justificar a não
inclusão do aeroporto de Salvador na lista dos aeroportos concessionados ao
setor privado? Relacionado entre os aeroportos de maior movimentação de
passageiros do Brasil e essencial para o crescimento do setor do turismo, nosso
aeroporto se encontra em estado lamentável, entregue à caótica administração da
Infraero, empresa que no passado era exemplo de gestão eficiente e que nos
últimos dez anos foi levada ao descrédito por sucessivas administrações
marcadas pela forte influência político partidária. Enquanto os aeroportos de
Brasília, Guarulhos e Viracopos entregam novos e modernos terminais, o de
Salvador convive com a falta de ar-condicionado, esteiras quebradas e fétidos
banheiros. Lembremos que o aeroporto de Salvador é o único do Nordeste que tem
condições de implantar uma segunda pista e, caso tivesse sido concessionado,
poderia ter se convertido no principal hub aeroportuário do Norte e Nordeste.
Como justificar o
estado de quase abandono dos mais de 1.500 km de ferrovias, que estavam
concessionadas à FCA e que foram devolvidas ao governo federal sem qualquer
perspectivas de retomada das operações? A devolução do trecho só atendeu aos
interesses da Companhia Vale do Rio Doce, controladora da FCA, que além de se
desobrigar de realizar investimentos no trecho baiano, ainda foi indenizada e
pôde se concentrar nos trechos mais lucrativos em Minas Gerais e Espírito Santo.
E a hidrovia do São
Francisco? Outrora conhecido como rio da integração nacional, com grande volume
de cargas e passageiros entre Pirapora e Juazeiro, a hidrovia do São Francisco movimentou em
2013 menos de 60 mil toneladas e pode ser totalmente desativada em 2015 caso
não sejam realizados investimentos de dragagem e derrocamento no trecho
atualmente em operação, entre Ibotirama e Juazeiro. Pela importância para a economia
regional, o governo da Bahia deveria seguir o exemplo de São Paulo que obteve a
delegação da gestão da hidrovia do rio Tietê, hoje importante corredor de
cargas do Sudeste.
Outro exemplo da omissão
do Governo da Bahia? A rodovia BR 324, entre Feira de Santana e Salvador.
A concessão foi
direcionada para a busca da menor tarifa de pedágio. Uma decisão política e
demagógica. Não foram estabelecidas exigências de investimentos à altura da
importância da rodovia, como a imediata construção da terceira faixa. A
modelagem do edital de privatização afastou as principais empresas do setor,
como a baiana Odebrecht. Como resultado, transcorridos mais de cinco anos da
privatização, o que se verifica é a ausência de grandes investimentos na
rodovia, péssima gestão e enormes engarrafamentos que geram grandes prejuízos
para a economia do Estado.
Enquanto em Pernambuco
e Ceará, os modernos portos de Suape e Pecém, concebidos dentro do conceito de
portos industriais, ou de terceira geração, representam hoje fatores estratégicos
para a atração de novas indústrias e desenvolvimento do setor agroindustrial
para suas regiões de influência, o governo do Estado da Bahia, transcorridos
sete anos, ainda não conseguiu obter a licença ambiental para o Porto Sul em
Ilhéus e permite que a CODEBA continue entregue à barganha política que
dificulta uma eficiente gestão portuária e a realização de novos investimentos.
Bahia, terra de todos
os nós logísticos? Até quando?
*Engenheiro
Civil e Mestre em Administração. Membro do Conselho de Infraestrutura da Fieb
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