domingo, 1 de junho de 2014

IGHB: 120 anos de serviço à Bahia


Edivaldo Boaventura*
São 120 anos de serviço à Bahia e à história! O Instituto Geográfico e Histórico da Bahia marca presença na tradição, na comemoração e na pesquisa. Dirigido com vigor e determinação, o desejo maior da sua presidente, Consuelo Pondé de Sena, é construir o Memorial do Dois de Julho com os caboclos, símbolos patrióticos e indianistas, a caminho da consagração mística popular. Nada representa mais a Bahia do que os caboclos. Índios que se tornaram emblemas. E o Dois de Julho é a chave do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, o nosso IGHBA, a Casa da Bahia. Convenhamos que todo povo tem direito à sua história e à tradição que tanto o identifica.

O IGHBA teve um antecedente: o Instituto Histórico da Bahia, que durou pouco, de 1856 a 1877. Uma tentativa provincial, não provinciana, de abraçar o exemplo dado pela criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Para Aldo José Moraes e Silva, em sua tese sobre origem e estratégias, esse antecedente de fortes cores imperiais teve funcionamento incerto com atividades exíguas.
O Instituto é uma das mais antigas casas de cultura da Bahia em funcionamento. No momento, é presidido honorificamente pelo governador Roberto Santos, o maior baiano vivo. Conta com poucos associados beneméritos, alguns honorários e muitos efetivos e correspondentes. Com o incremento da pós-graduação, aumentou a procura pelas fontes históricas. É um lugar de memória, de convivência e de buscas. Complexa organização baiana, graças ao bom Senhor do Bonfim, que nos veio lá de Setúbal.
Mas todo 13 de maio é de festa no Instituto.
Neste 2014, houve festança redobrada pelo arredondamento dos 120 anos, quando reuniu associados, frequentadores, amigos e servidores para dar adeus aos companheiros que partiram e abraçar os novos que ingressaram.
Recordemos duas historiadoras admiráveis pela convivência e distinguidas na construção do conhecimento. Consuelo Novais Sampaio contribuiu para o estudo da história política republicana baiana. É uma referência. Enquanto Anna Amélia Vieira Nascimento aprofundou o estudo das enclausuradas clarissas e abriu os caminhos dos arquivos para os municípios. Ao lado do contributo para a historiografia, o Instituto recorda o legado heráldico de Vitor Hugo Carneiro Lopes.
A Casa da Bahia abrigou o talento jurídico de Luiz de Pinho Pedreira da Silva e de Gerson Pereira dos Santos. Ambos cultivaram, respectivamente, o Direito do Trabalho e o Direito Penal Criminal. Um adeus carregado de muita emoção a dois correspondentes portugueses: o latinista Justino Mendes de Almeida e o cidadão baiano Antônio Celestino, que viveu boa parte de sua vida em Salvador. Fechemos o livro das ausências recordando o centenário de Rômulo Almeida, Dorival Caymmi, Olga Pereira Mettig e Diógenes Rebouças.
Abracemos fraternalmente os novos associados com os melhores desejos de salutar vida societária. Congreguemo-nos para disseminar o conhecimento. Pelo laço da correspondência, alcançaremos a horizontal estadualização do intercâmbio com os presidentes Augusto César Zeferino, que trouxe a Medalha do Contestado, do Instituto Histórico de Santa Catarina, e Getúlio Neves à frente do Instituto capixaba.
Na comemoração dos 120 anos, palavras, flores e comidas festejaram a concessão da Medalha Bernardino de Souza. A presidente distinguiu com essa insígnia cinco colaboradores. A começar pelo benemérito Vitor Gradin, homenagem que envolveu a querida Grace Gradin e ao constante apoio de Geraldo Danneman. O reconhecimento expresso ao ex-prefeito, que sempre serviu e serve ao Instituto, deputado federal Antonio Imbassahy. Ao advogado, e colaborador, João Maurício Ottoni Wanderley de Araújo Pinho, e ao autor deste artigo, orador oficial do Instituto quase perpétuo.
Para completar, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro esteve presente pelo seu vice-presidente, Victorino Chermont de Miranda. Pela continuidade do serviço à Bahia e à História, o reconhecimento à presidente Consuelo Pondé de Sena.
*Escritor, membro da Academia de Letras da Bahia

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