quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Salvador: Desafios de infraestrutura de transportes

Sérgio Faria*
Longe de defender o investimento para atender, pura e simplesmente, às necessidades pontuais de um mega evento esportivo, a realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014 poderá representar um excelente balizador, nos impondo disciplina e objetividade para que possamos cumprir a agenda de investimentos que a sociedade há muito já reclama, sobretudo se considerados os efeitos cruéis da explosão demográfica e da concentração da população nos grandes centros urbanos.
Essa realidade é comum a todas as grandes capitais que foram selecionadas para sediar jogos da Copa e, evidentemente, Salvador não fugirá à regra, ainda que seja possível a identificação de problemas específicos e particularidades que individualizam as avaliações.
Para a recepção dos turistas, sem sombra de dúvida, o maior gargalo de Salvador é o Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães, inicialmente projetado para uma demanda de 4 milhões de passageiros/ano e já tendo atingido em 2009, não obstante a crise econômica internacional, o patamar de 7 milhões de passageiros/ano. Impõe-se a necessidade de construção de uma segunda pista de pouso e decolagem, o que permitiria a realização de operações simultâneas, ampliando a capacidade de tráfego local. Além dos investimentos em infraestrutura operacional, há que se pensar, também, na ampliação das suas facilidades, como área para estacionamento, lojas e serviços em geral.
Outra possibilidade de atendimento ao fluxo de turistas remete à infraestrutura portuária. Neste particular, diferentemente do que se tem especulado, não se deve esperar grande contribuição do modelo que se convencionou chamar navios-hotéis, até porque o evento ocorrerá em período de alta estação no hemisfério norte e, portanto, o deslocamento do roteiro de grandes embarcações seria economicamente improvável. Ainda assim, Salvador já reclama uma estação de passageiros minimamente adequada para atender ao crescente fluxo de turistas que, anualmente, visitam a capital baiana.
Aliás, no tocante ao porto de Salvador, a exemplo do que se observa na imensa maioria dos portos urbanos, o crescimento da cidade sentenciou o confinamento do porto, dificultando a necessária adaptação às exigências decorrentes da evolução histórica das técnicas de manuseio de carga. Neste contexto, a revitalização da área portuária deve ser compreendida como algo inexorável, conseqüência de um fenômeno de natureza histórica que se processou em todo o mundo.
Por fim, a circulação de pessoas dentro do perímetro urbano da capital baiana durante o evento da Copa do Mundo encontra a solução ideal no projeto do BRT (Bus Rapid Transit), um sistema de corredores exclusivos para ônibus, com 21 km de extensão, promovendo a integração da linha do metrô (ainda em fase de construção) com o lado Norte, principal vetor de tráfego local, para onde parece a cidade ter encontrado o caminho da expansão.
Traçados as linhas mestras desse plano de investimentos, há que se ressaltar que, apesar da exiguidade de tempo, ainda é perfeitamente possível cumprir as diretrizes aqui esboçadas, para tanto necessitando, apenas, disciplina, objetividade e muita determinação.
Mãos à obra.
*Sérgio Fraga Santos Faria, Engenheiro, é vice-presidente do Grupo TPC, empresa de soluções logísticas

Um comentário:

  1. QUERO SABER SE SÉRGIO FRAGA DEIXARIA O CARRO EM CASA PARA UTILIZAR O BRT? POR QUÊ?

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