Tasso Franco*
O povo de santo da cidade do Salvador está passando por uma situação de sofrimento nunca presenciada em sua história desde quando o candomblé surgiu oficialmente, na Barroquinha, na primeira quadra do século XIX, com a anunciada renúncia da mãe Stella de Oxóssi, yalorixá do terceiro mais importante terreiro de candomblé da cidade, por uma questão sentimental, amorosa, em detrimentos dos preceitos religiosos sagrados.
O povo de santo da cidade do Salvador está passando por uma situação de sofrimento nunca presenciada em sua história desde quando o candomblé surgiu oficialmente, na Barroquinha, na primeira quadra do século XIX, com a anunciada renúncia da mãe Stella de Oxóssi, yalorixá do terceiro mais importante terreiro de candomblé da cidade, por uma questão sentimental, amorosa, em detrimentos dos preceitos religiosos sagrados.
Com a declaração dada ao jornal A Tarde
taxativa de que "prá lá (Axé Opô Afojá) não retorno mais", a mãe
Stella de Oxóssi criou uma situação 'sui-generis' nesse terreiro de candomblé
ela que vinha comandando a Casa desde 1976 por escolha do jogo dos búzios, uma
vez que, neste axé a sucessão não se dá na linha familiar. Já na escolha de
Stella houve uma grande dissidência porque, como é notório, o filho de Mãe
Senhora (Maria Bibiana do Espirito Santos), Deoscoredes Maximiliano dos Santos,
o Didi, queria ser o novo babalorixá da Casa, mas, não conseguiu.
Na época, a yakekerê, a mãe pequena e segunda
personalidade do terreiro seria a substituta de Senhora. Porém, intelectuais
orgânicos da Casa, entre eles, diz-se Jorge Amado e Carybé, com o jogo de
búzios do babalaô Agenor Miranda, escolheram Stella, uma filha de santo, com
formação em enfermagem.
Daí que Didi afastou-se do axé e criou sua
própria Casa, o que gerou um mal estar enorme, na época, essa dissidência.
Agora, Stella, por razões do coração, ao que tudo indica, uma vez que é
companheira da psicóloga Graziella Domini, com que divide o mesmo teto em
Nazaré das Farinhas, cria um novo problema na sucessão do terreiro uma vez que,
por preceitos da Casa, essa sucessão só acontece por falecimento da yalorixá e
a mãe Stella está viva aos 92 anos de idade, ainda que esteve recentemente
internada no Hospital da Bahia
É uma situação bastante peculiar e uma
decisão até inédita - uma mãe de santo se queixando do seu axé, do comportamento
de algumas pessoas e da falta de paz espiritual, de acordo com declarações que
deu em A Tarde -daí que a yakekerê, mãe Dicinha de Yemanjá, segunda pessoa mais
importante na casa, e as ebomis - pessoas mais velhas - vão decidir o que
fazer.
Aguardar a morte de Stella? Substituí-la
desde já confirmadas suas declarações de que não retorna ao axé (certamente por
escrito e firmada em cartório) ? Promover uma reunião mais ampla entre os
sacerdotes do candomblé?
Ao que o Bahia Já pode apurar até agora, a
presença de Graziella junto a Stella e questões de dissidências internadas no
Opô Afonjá veem acontecendo há 1 ano e, agora, aflorou de vez que a ida de
Stella para morar em Nazaré das Farinhas e o seu desejo de não mais retornar a
Salvador. Também, é provável, que não haja mais manifestações de intelectuais
orgãnicos como no passado e quem vai ditar a suscessão de Stella são os orixás.
"Respeitem quem pode chegar aonde cheguei" Mãe Stella de Oxossi
Se considerarem esse título muito prepotente, peço,
humildemente, respeitem os meus cabelos brancos que correspondem a 92 anos de
existência e pelo menos 84 servindo à humanidade. Estou viva e muito viva! A
baixíssima visão e, é claro, os 92 anos, me impedem de realizar algumas
tarefas, inclusive a de manejar o conhecido Jogo de Búzios.
Estou viva, muito viva e lúcida! Claro, com as
complicações dos 92 anos de idade e quatro internações hospitalares decorrentes
de problemas cerebrais, sempre complicados pela pressão que venho sofrendo por
parte de membros do Terreiro e de alguns familiares, que nada sabem sobre mim.
Ainda estou lúcida, o que faz com que eu tenha consciência da diminuição da
lucidez com o avançar da idade, o que é natural, pois sou HUMANA.
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