quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Medellín vive transformação e humanização

SYLVIA COLOMBO - Folha de São Paulo
Até pouco tempo atrás, Medellín carregava o terrível fardo de ser conhecida apenas como a sede de um dos mais poderosos e brutais cartéis de droga, comandado por um bandido sanguinário chamado Pablo Escobar (1949-1993), hoje infelizmente transformado em ícone pop.
Nos violentos anos 1980, a cidade tinha uma das taxas de homicídio mais altas do planeta —praticamente não há um habitante de "Medallo" (como os locais chamam a cidade) com mais de 30 anos que não tenha um conhecido que morreu de forma violenta naqueles tempos.
Porém essa triste situação começou a mudar para o bem pouco depois da morte de Pablo Escobar.
A razão disso foi uma combinação de boas políticas públicas de reurbanização do espaço com uma sociedade ávida pela paz e animada pela sua personalidade, que mescla "reza e parranda" (parranda é festa, em tradução livre), como o Nobel de Literatura Gabriel García Márquez (1924-2014) definiu os "paisas" (habitantes da região de Antioquia, cuja capital é Medellín).
Gabo achava que apenas por combinar tão bem a fé com a alegria e a vontade de estar em comunidade é que os "paisas" eram capazes de atravessar coletivamente por momentos tão difíceis como aquele período.
PAZ E TURISMO
A Medellín que o turista encontra hoje é o resultado desse movimento de transformação coletiva. A natureza ajuda, dando ao local um agradável clima de montanha, porém não tão frio como o da capital, Bogotá. O ar é agradável e fresco, como numa contínua primavera.
Outro lugar onde literalmente se respiram os novos ares é o Jardim Botânico, com uma linda arquitetura e espaço para shows e conferências, além de um bonito parque arborizado e com trilhas.
Já um passeio obrigatório para quem quer conhecer o passado conflituoso da cidade é o Museo Casa de la Memória, um espaço dedicado a contar, por meio de mostras temporárias e um acervo permanente e multimídia, a história da região. Os monitores, em geral, são gente das próprias comunidades afetadas pela violência.
Quem estiver decidido a ir sempre pode ter uma boa ideia do lugar conhecendo um pouco de seus escritores. Alguns dos melhores da Colômbia nasceram por ali, como Fernando Vallejo, autor de "A Virgem dos Sicários", Jorge Franco, de "Rosario Tijeras", e Hector Abad Faciolince, de "A Ausência que Seremos".

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