Tela de Cândido Portinari - Chorinho
Walter Queiroz Junior*
Nas portas de mais um carnaval, festa que, pela vida à fora, tenho estimado e celebrado mas que vem negando à minha geração, espaço e reconhecimento, rasgo, simbolicamente a minha fantasia e sustento a minha indignação.
Não é possível que se continue mantendo toda uma cidade como refém de um modelo festivo que coloca os interesses de um grupo de artistas e empresários acima dos direitos dos cidadãos e da dinâmica normal de suas vidas.
Acima do soberano e constitucional direito de ir e vir, nas ruas da folia sem ser achacado por “cordeiros” guindados sem nenhum preparo e legitimidade à condição de para-policiais. Centenas de famílias tendo de identificar-se para poder voltar a suas casas e ficar sem dormir direito pela fúria eletrônica dos trios castigando-lhes os ouvidos num flagrante desrespeito à lei do silêncio.
O argumento de que estas arbitrariedades se justificam pelos dividendos turísticos e interesses de uma grande maioria foliã é falacioso e ilegal colocando a festa acima da lei e reforçando o lamentável estereótipo do baiano folgazão e irresponsável hedonista. Autorizando a difusão histriônica em todos os cantos da cidade de uma música de crescente mau-gosto e banalidade, guindadas ao pseudo-sucesso pela difusão maciça patrocinada pelo “jabá” que impera na maioria das rádios com honrosa exceção da Educadora FM que dá o nome dos autores e é um exemplo para o país (viva Perfelino Neto!)
Seria uma questão de bom senso mudar enquanto é tempo os rumos da festa antes que ela se esvazie paulatinamente e o povo, agente maior do evento canse de ser ator de segunda classe num espetáculo da qual ele foi sempre a grande estrela.
Tudo isso sem falar na gravíssima questão de saúde pública ameaçada (olha a meningite aí, gente) por imensos aglomerados do porte do nosso carnaval. Enfim, aproveito para lembrar que não é jogando as nossas vergonhas e mazelas para debaixo dos tapetes festivos que seremos a grande Salvador sonhada por todos nós.
*Waltinho Queiroz, é advogado, poeta, compositor e membro da Confraria dos Saberes
Nas portas de mais um carnaval, festa que, pela vida à fora, tenho estimado e celebrado mas que vem negando à minha geração, espaço e reconhecimento, rasgo, simbolicamente a minha fantasia e sustento a minha indignação.
Não é possível que se continue mantendo toda uma cidade como refém de um modelo festivo que coloca os interesses de um grupo de artistas e empresários acima dos direitos dos cidadãos e da dinâmica normal de suas vidas.
Acima do soberano e constitucional direito de ir e vir, nas ruas da folia sem ser achacado por “cordeiros” guindados sem nenhum preparo e legitimidade à condição de para-policiais. Centenas de famílias tendo de identificar-se para poder voltar a suas casas e ficar sem dormir direito pela fúria eletrônica dos trios castigando-lhes os ouvidos num flagrante desrespeito à lei do silêncio.
O argumento de que estas arbitrariedades se justificam pelos dividendos turísticos e interesses de uma grande maioria foliã é falacioso e ilegal colocando a festa acima da lei e reforçando o lamentável estereótipo do baiano folgazão e irresponsável hedonista. Autorizando a difusão histriônica em todos os cantos da cidade de uma música de crescente mau-gosto e banalidade, guindadas ao pseudo-sucesso pela difusão maciça patrocinada pelo “jabá” que impera na maioria das rádios com honrosa exceção da Educadora FM que dá o nome dos autores e é um exemplo para o país (viva Perfelino Neto!)
Seria uma questão de bom senso mudar enquanto é tempo os rumos da festa antes que ela se esvazie paulatinamente e o povo, agente maior do evento canse de ser ator de segunda classe num espetáculo da qual ele foi sempre a grande estrela.
Tudo isso sem falar na gravíssima questão de saúde pública ameaçada (olha a meningite aí, gente) por imensos aglomerados do porte do nosso carnaval. Enfim, aproveito para lembrar que não é jogando as nossas vergonhas e mazelas para debaixo dos tapetes festivos que seremos a grande Salvador sonhada por todos nós.
*Waltinho Queiroz, é advogado, poeta, compositor e membro da Confraria dos Saberes
Artigo publicado originamente no jornal A Tarde, 06/02/2010, p.3 - Opinião
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