O PORTO DA BARRA À NOITE. SALVADOR, CIDADE TURÍSTICA?
Almir Santos
Possui a terceira praia mais linda do mundo, título conferido pelo jornal londrino "The Guardian". Local onde se agrupava grande número de antigos moradores atraídos pelas águas outrora limpas, calmas e seguras da Baía de Todos os Santos. Pelo seu pôr-do-sol inigualável, os turistas ainda são atraídos, mas, entre eles, há um segmento muito diferenciado. Hoje o local abriga centenas de moradores de rua, cada vez mais sem cerimônia de se instalarem sob as marquises com mala e cuia, não satisfeitos em ali permanecerem durante a noite, mas, ao longo do dia. Uma promiscuidade. Deprimente. Que cidade turística é essa? O ponto do tráfico, os espertalhões aproveitando-se dos turistas, a insegurança, as saidinhas de banco são uma constante. Ah! A prostituição. Não faz muito tempo, sentei-me à mesa de um bar e restaurante. Um que fica na área do de um hotel, por imaginar que era de melhor freqüência de um outro fica em frente. Qual nada.Na mesa ao lado sentou-se uma jovem de aproximadamente 20 anos que não parava de falar ao celular. Falava com amigas. De suas investidas em jornadas anteriores e previsão de futuras. Com estrangeiros, cujos nomes nem sabia pronunciar corretamente.Súbito, chegam mais três jovens, todas na mesma faixa de idade. Mal trajadas e de má aparência. Apenas uma tinha uma aparência melhor, pelo menos de rosto. Confabulavam sobre as suas incursões com estrangeiros, suas idades, suas maneiras de gastar e os detalhes dos seus desempenhos. Sobre como aproveitar a alta estação, pois passada, tinha de se conformar com os nativos ou adotar a lei da oferta e da procura. A bolsa estaria em baixa.Falavam das suas nacionalidades preferidas, sempre do ponto de vista meramente material. A comercialização do corpo.Uma, mais exibida, especulava o preço mínimo, mesmo na baixa estação. Outra só baixaria se estivesse com fome ou com atraso de aluguel. Outras contavam vantagens sobre o resultado do verão e de suas reservas em euros e em reais. Não conheço o mercado, mas pareceu-me mentira. Tudo isso em voz alta no português mais sórdido. Nisso, chegam três "felizardos" clientes em potencial, aparentemente italianos. Todos grisalhos, aparentando entre 50 anos e 60 anos. Muitos sorrisos, gargalhadas, abraços, afagos, cervejas... Não havia como não escutá-los. Certamente, um final feliz, pelo menos para três delas ou para as quatro, quem sabe?Confesso que fiquei indignado com o que presenciei. Pedi a minha conta e fui-me embora
Almir Santos
Possui a terceira praia mais linda do mundo, título conferido pelo jornal londrino "The Guardian". Local onde se agrupava grande número de antigos moradores atraídos pelas águas outrora limpas, calmas e seguras da Baía de Todos os Santos. Pelo seu pôr-do-sol inigualável, os turistas ainda são atraídos, mas, entre eles, há um segmento muito diferenciado. Hoje o local abriga centenas de moradores de rua, cada vez mais sem cerimônia de se instalarem sob as marquises com mala e cuia, não satisfeitos em ali permanecerem durante a noite, mas, ao longo do dia. Uma promiscuidade. Deprimente. Que cidade turística é essa? O ponto do tráfico, os espertalhões aproveitando-se dos turistas, a insegurança, as saidinhas de banco são uma constante. Ah! A prostituição. Não faz muito tempo, sentei-me à mesa de um bar e restaurante. Um que fica na área do de um hotel, por imaginar que era de melhor freqüência de um outro fica em frente. Qual nada.Na mesa ao lado sentou-se uma jovem de aproximadamente 20 anos que não parava de falar ao celular. Falava com amigas. De suas investidas em jornadas anteriores e previsão de futuras. Com estrangeiros, cujos nomes nem sabia pronunciar corretamente.Súbito, chegam mais três jovens, todas na mesma faixa de idade. Mal trajadas e de má aparência. Apenas uma tinha uma aparência melhor, pelo menos de rosto. Confabulavam sobre as suas incursões com estrangeiros, suas idades, suas maneiras de gastar e os detalhes dos seus desempenhos. Sobre como aproveitar a alta estação, pois passada, tinha de se conformar com os nativos ou adotar a lei da oferta e da procura. A bolsa estaria em baixa.Falavam das suas nacionalidades preferidas, sempre do ponto de vista meramente material. A comercialização do corpo.Uma, mais exibida, especulava o preço mínimo, mesmo na baixa estação. Outra só baixaria se estivesse com fome ou com atraso de aluguel. Outras contavam vantagens sobre o resultado do verão e de suas reservas em euros e em reais. Não conheço o mercado, mas pareceu-me mentira. Tudo isso em voz alta no português mais sórdido. Nisso, chegam três "felizardos" clientes em potencial, aparentemente italianos. Todos grisalhos, aparentando entre 50 anos e 60 anos. Muitos sorrisos, gargalhadas, abraços, afagos, cervejas... Não havia como não escutá-los. Certamente, um final feliz, pelo menos para três delas ou para as quatro, quem sabe?Confesso que fiquei indignado com o que presenciei. Pedi a minha conta e fui-me embora
Excelente relato, este do Almir Santos. Infelizmente o Porto da Barra é o que ele disse e algo mais: um palco de permanentes "atrações" musicais", dessas com marca da famigerada "musicalidade baiana", muitas vezes patrocinada pelos órgãos públicos, pela prefeitura e estado. ~Esses espetáculos que não aconteceriam em nenhum país civilizado do mundo, contribuem, e muito, para atrair os que fazem do Porto da Barra moradia, mercado e recreio. Os moradores? Ah, os moradores que fiquem em suas casas e usem protetor de ouvido para livrar-se do tremento barulho daquelas parafernálias de amplificação de ruídos.
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