Salvador, 460 anosOliveiros Guanais
Hoje se comemoram 460 anos de fundação da cidade do Salvador. Parabéns a nossa mui amada Soterópolis. Mas para dar início a esta cidade, Tomé de Souza chegou aqui pouco antes, tendo desembarcado no Porto da Barra. E foi lá, do lado do Forte de São Diogo, que os portugueses colocaram um marco comemorativo dos 400 anos de fundação da cidade, em 1949. O monumento tem um painel de azulejos pintados por um português e restaurado em 2003. O tema é o desembarque, os padres, a cruz, uma caravela, soldados. Mas o emblemático mesmo é a mensagem que colocaram no topo desse painel, e que muito me intrigou na minha infância, porque eu não entendia a sintaxe do que ali estava escrito: “ A BAHIA OS PORTUGUESES’. Uma oração sem verbo, sem preposição, sem indicação do sujeito. Pensava muito sobre a intrigante legenda, até que descobri o sentido latino de sua construção. Colocando os elemento que a elipse escondeu, a frase só pode ser entendida assim: “ Os Portugueses oferecem à Bahia” ) . Como se vê, faltou crase, faltou verbo e até uma vírgula, que ajudaria para orientar o entendimento do texto, faltou. Mas acho que essa construção enigmática é que dá riqueza à mensagem. É pena que tudo lá esteja abandonado: faltam cuidados, falta iluminação, falta vigilância e até higiene falta. E a legenda está tão apagada que agora é que não dá mesmo para ser compreendida. É pena.
Porto da Barra
460 ANOS DA CIDADE DO SALVADOR
Almir Santos
Uma cidade singular. Um cidadão resolve montar uma oficina mecânica ou uma serralheria e se instala no canteiro central de uma avenida. Uma anti-estética barraca, licenciada para vender lanches, é transformada em bar ao, ar livre com música ao vivo. Restaurantes e bares, não satisfeitos em ocuparem as calçadas, colocam mesas e cadeiras em plena rua, comprometendo a segurança de pedestres e veículos. Um salão de beleza é construído em plena calçada tomando a visão do ponto de ônibus. Uma área verde é anexada a um condomínio para ampliar o seu jardim um construir uma quadra de esportes. Uma calçada de pedras portuguesas e meio- fios são arrancadas para satisfazer interesses de “guardadores” de automóveis. Há uma total invasão em um canteiro central de uma avenida!!! Em pleno centro surge uma favela de concreto armado juntamente com uma loja de materiais de construção. Uma área de recuo obrigatório é transformada em açougue. Um motorista de ônibus deixa meia dúzia de passageiros no ponto, simplesmente porque não quer parar Um ônibus transporta um colchão de casal, uma bicicleta, um eixo de automóvel ou algumas cordas de caranguejos.. Um gramado é cimentado para instalação de uma borracharia. Salvador. Uma cidade onde não se respeitam os direitos e os deveres, vivida sem amor pelos seus munícipes e pelas autoridades. Cada dia que passa mais se acostuma a viver com o desordenamento e com a desorganização. “A mais linda capital do Brasil” como disse o comunicador. Colorida, do sol e mar permanentemente azuis, das igrejas douradas, dos fortes, dos sobrados coloniais, dos mais belos cartões postais. Do folclore da magia, da música, de uma culinária sem igual, dos modernos shoppings, da nova e revolucionária arquitetura. Convive com os buracos, a sujeira, as favelas, as invasões do colarinho branco e uma total falta de infra- estrutura. Dos transportes deficientes, dos motoristas agressivos, das casas sem número, das ruas nem nome. Das ruas sujas e da precária coleta de lixo. Dos contrates extremos. Ao lado de tanta beleza está o desemprego, a pobreza e a miséria. Ao lado de mansões e de apartamentos de até 1000 m² ,equipados com ancoradouro e teleférico, existe uma invasão. A maior parte das edificações situa-se em áreas não urbanizadas que somadas às invasões transforma a cidade em meia favela, feia, vista de certos ângulos. Dos milhares de moradores de rua. Uma cidade pobre. Uma das maiores taxas de crescimento populacional entre as metrópoles brasileiras, com os mais baixos indicadores de qualidade de vida. Não há uma política habitacional. Falta o controle do uso do solo e a implantação de um eficiente modelo para os transportes coletivos. De um trânsito complicado e de um sistema viário deficiente. O mais grave, os munícipes não têm a mínima preocupação em preservar e manter a cidade. A sua degradação deve-se muito à postura e ao comportamento dos seus habitantes, além, é claro, e da omissão autoridades competentes. O problema não está só na pobreza, mas na educação. Não está só na falta de recursos para grandes investimentos, mas na falta de amor, tanto dos munícipes como das autoridades. Fazer bem feito deve ser uma bandeira, uma questão de brio. Melhores dias para o seu futuro É o que se deseja no seu aniversário.