Jaguar: Pra mim, a profissão ideal é ser cineasta. Cineasta leva tudo la boa vida, sem trabalhar quase nunca, e inclusive passando por intelectual. Faz um filme por ano, fatura paca, recebe elogios da crítica, e passa o resto do ano curtindo pelos bares sem fazer pô nenhuma. Esta é a minha visão do cineasta brasileiro. Fernando Campos: Eu acho a mesma coisa em relação ao ator. E me parece que você tem uma grande vocação para ator. Um dos meus grandes sonhos é realizar um filme onde você seja ator. Jaguar: até que enfim alguém reconheceu! Fernando: Mas cineasta é rua da amargura mesmo... Jaguar: Como é que um cara vira cineasta no Brasil? Fernando: Hoje eu não sei. Há uns dez anos atrás era mais barato fazer um filme. Primeiro, ainda não havia a mística do colorido. Segundo, naquela epoca havia o Dico. Marizalva Aleixo: Dico, do Banco Nacional de Minas Gerais. Jaguar: A fada protetora dos cineastas. Fernando: Os filmes geralmente eram feitos através da CAIC e dos papagaios do Banco Nacional de Minas Gerais. Jaguar: Você nasceu onde? Fernando: Na Bahia. Demo: mais um baiano! Fernando: A família de minha mãe é italiana. Uma família de fazendeiros exportadores. Meu pai era médico. Jaguar: Você teve uma infância de alta classe média, né? Fernando: É... Fiquei na Bahia até os dezesseis anos. Nessa época eu tinha um amigo de infância, o Araújo, e nós escrevemos juntos um roteiro. Chamava-se "Festa". Ai fui obrigado a sair da Bahia porque já não havia mais colégio pra mim. Fui expulso de todos (sussurros). Jaguar: Você era o que se chama hoje de "garoto com carência afetiva"? Fernando: Não, o meu problema era o oposto. Eu tenho seis irmãs e um irmão. Eu vivia num mundo feminino. Jaguar: E não virou boneca! Demo: Até agora não. Ferdy Carneiro: Ainda há uma esperança. Jaguar: Tinha tudo pra ser, só não foi de bobo. Aposto que quando adolescente você se sentia deslocado e uma figura eleita pelo destino. Fernando: Deslocado sim. Jaguar: Como todo adolescente. Fernando: Mas isso foi uma coisa que me marcou profundamente. Sempre achei que eu não fazia parte do conjunto. Jaguar: Você lia Baudelaire e Rimbaud e Nietzsche. Fernando: Lia. A essa época surgia na Bahia a "Escola Baiana". Era Mário Cravo, Carybé, Jenner Augusto, Carlos Bastos, que faziam uma arte deslumbrada, uma arte folclórica. Um dia eu ia passando na rua e entrei numa exposição. Era a exposição de um pintor chamado Rubem Valentim. Não tinha nad que ver com a "Escola Baiana". Fui procurar Valentim. Era um maldito na Bahia. Houve um momento em que foi expulso de lá. Caíram na bobagemd e dar uma coluna para ele e ele desancou com os ídolos da Bahia. Uma semana depois, estava em seu atelier e chegou uma comissão composta de Mário Cravo, Carybé, Jenner Augusto, que deu a Valentim uma passagem de ida. Foi expulso da Bahia! Jaguar: Daí foi pra São Paulo em estado de revolta contra a situação cultural na Bahia! Fernando: Eu tinha um certo nojo por aquela coisa fácil, aquele folclorismo. Jaguar: Quem era a tua turma lá? Fernando: Eu freqüentava um bar onde freqüentavam Luis Lopes Coelho, Sérgio Millieu, Francisco de Almeida Salles, Delmiro Goncalves, Rebolo Gonçalves, Aldemir Martins, Antônio Bandeira, e principalmente a clã dos Abramo. Ferdy: Fernando, voce é um dos primeiros caras que quis filmar Oswald de Andrade. "Tupy or not Tupy". (gritos) O que seria isso, e por que você não consegue realizar. Escuta, Jaguar, você disse que vida de cineasta é boa. Jaguar: É porque esta entrevista é didática, dirigida às novas gerações. Fernando: Baixou o espírito do Mário (de Andrade) nas coisas que as pessoas fazem sobre Oswald de Andrade. O Mário e o Oswald brigaram pela vida. Uma vez perguntaram ao Oswald por que ele tinha brigado com o Mário e ele respondeu: "Questão de morais de andrade". O nome do Mário era Mário Morais de Andrade. Tudo que se faz sobre Oswald, baixa o espírito do Mário e embanana tudo. E as pessoas são muito sérias. Tudo que é feito sobre Oswald de Andrade é incrivelmente sério. Não há nenhuma molequeira. é aquele (*). "Tupy or not tupy" era um filme realmente oswaldiano. Começava com um navio. Oswald em frente a um navio. Com uma francesa ao lado. O navio naufragava e Oswald se desdobrava em dois personagens. Um era o bispo Sardinha, devorado... Demo: Esse era um bom papel pro Jaguar. Jaguar: Eu não gosto de peixe, pô! Fernando: O outro era Caramuru. "Caramuru, filho do fogo, sobrinho do trovão, atirou num urubu, errou a direção, acertou num gavião." Quando dava o tiro, os índios caíam de joelhos e gritavam: "Pajé! Paje!" Aí entrava uma música: "Bota o pajé na roda! Tira o pajé da roda!". É a história do Brasil contada numa base bem moleque, e todos os governadores do Brasil vão entrando e saindo da roda. Até que chegava na fase de "guerreiros com guerreiros fazem zigui zigui zá". Ferdy: É um tratamento à maneira de Oswald de Andrade, Jaguar: Você veio pro Rio. E bateu aqui em que ambiente? Fernando - Com Aloisio Magalhães Jaguar: Artes gráficas suíças. Fernando: Não, naquela época Aloisio tava começando. Era, também, um grande boêmio. Jaguar: Freqüentava todos os nossos bailes. Fernando - Fechava o escritório e ia todo mundo pro Albino. Glauco: Você acompanhou desde o movimento concretista até o cinema novo. Onde começa o cinema novo? É decorrente ou não do movimento conccretista? Fernando - Não houve nenhuma relação. O cinema novo começa com os trabalhos de Nelson Pereira dos Santos. Glauco: O cinema novo não é uma retomada da Semana de 22? Fernando: Não. A maioria das pessoas era hostil à Semana de 22. Naquela época estavam impregnados de realismo socialista. Ferdy: Na sua opinião, qual é o marco do cinema novo? Fernando: Barravento. Eu gostava de todas as pessoas que faziam parte do cinema novo. Mas como time, eu não me entrosava. Virava grupo, clã. Era o time de futebol do cinema novo. Joaquim Pedro era ponta-esquerda. (gritos e sussurros) Ferdy: E a Novacap? Fernando: Em 58, 59 fui trahalhar na equipe de urbanismo de Lúcio Costa. Jaguar: Urbanismo? Fernando - Cortes, curvas de níveis, essas coisas. Era o início do desenvolvimento do Plano Piloto. Havia aquele negocio de A-U: Arquitetura, Oscar Niemever, Urbanismo, Lúcio Costa. Era um ambiente muito eclético: discutia-se desde técnica de futebol a prolegômenos de uma possível metafísica da esperança. O Instituto Nacional de Cinema Educativo queria fazer um filme sobre Brasília. Já tinham filmado alguma coisa , e pra salvar o filme. oueriam uma narracão do Lúcio Costa. Foram procurar o Dr. Leicio... Jaguar: Por que você, que é um cara iconoclasta, chama ele de Dr. Lúcio? Fernando: Ele só pode ser chamado de duas maneiras: ou Dr. Lúcio ou Velho Vadio. O que ele é. Tá sempre disponível, e o seu pensamento não é impregnado. Dr. Lúcio disse: "Eu não vou escrever um texto pra você. Vou te dar uma pessoa pra você fazer um filme sobre Brasilia". E eu fiz esse meu primeiro filme: Brasilia, Planejamento Urbano. Sempre que se falava em Brasilia, falava-se em arquitetura. Brasília parecia muito mais uma coisa do Oscar do que do Dr. Lúcio. Esse documentário foi meu primeiro filme. Jaguar: Qual foi o resultado desse filme? Fernando: Desatroso, como tudo que eu faço (sussurros). Jaguar: Seu primeiro filme de longa-metragem foi Luba Fernando: Eu morava na Rua Saint Roman e o o que eu conhecia era o Mau-Cheiro, a Liliane, era isso que eu sabia falar. Jaguar: Caio Mourão, Ferdy Carneiro, Nelson Camargo. Fernando: Eram esses os meus personagens. Eu nunca podia usar como personagens a gente do morro, cangaceiros. Ferdy: Esse filme seria uma crônica de Ipanema. Fernando: O nascimento de lpanema. Foi um filme quase todo filmado em bar. Jaguar: Eu vi uma cena desse filme sendo filmada na casa de Marcos Vasconcellos, na Rua Peri. Enquanto o pessoaI filmava lá fora, você bebia comigo, e nem tomava conhecimento do filme. Fiquei impressionado: o filme tava comendo lá e voce bebendo comigo. Fernando: Ai é que entra aquela mística de seriedade. As pessoas são profundamente sérias, e acreditam nuns empulhos como enquadramento, distanciamento. Jaguar: Quem estava praticando o distanciamento era voce. Com um copo na mão. Fernando: Ao contrário, eu estava no total envolvimento, porque aquilo que estava sendo filmado tinha que ver comigo, com você, com a gente bebendo. E qualquer coisa que eu faça, se não tiver um componente lúdico, não interessa. Todo mundo que estava filmando ali estava cansado de saber o que estava fazendo. Eu sei exatamente o que eu vou filmar. E raramente eu repito. Acredito que a primeira filmagem é a melhor. E tenho tanta certeza das coisas, que não preciso ficar lá aporrinhando uma atriz, aporrinhando um fotógrafo. Jaguar: Você é um criador de filmes. Você bola a historia, faz um roteiro e depois você dirige. É sempre assim? Fernando: Em todos os filmes. Ferdy: Você já foi acusado muitas vezes de querer ser o diretor e o roteirista e tal. Fernando: Pelo contrário. Eu tava deixando eles trabalharem e fui tomar meu uísque com o Jaguar. Jaguar: Foi daí que eu tive a idéia de que vida de cineasta era uma moleza. Rose Rondelli: Todo mundo é muito sério. Eu acho você seríssimo. Daqui dessa sala, o mais sério é você. Fernando: Eu faço questão de cultivar muito o "nervo lúdico". E esse nervo lúdico que me coloca fora da seriedade. Eu me exponho muito. A minha única defesa é não ter defesa. Não tenho medo do ridículo. Nunca posso ser ridículo, porque já se disse que há três coisas que não podem ser ridículas: uma crianca. um louco, e um poeta. Rose: Você pode não ter defesas e ser uma pessoa séria. Fernando: Séria, mas passando por cima. Rose: Seria séria entre aspas? Fernando: "Séria". Um boy scout. Ferdy: Além dos longas, você tem os curta-metragens. Seu filme com Newton Cavalcanti foi uma bela realização. Ainda assim, você se baseou nos dois pés: a gravura do Newton e Edgar AIIan Poe. Fernando: É. Por acaso Newton tinha feito uma série de ilustrações para Grotesco Arabesco. Ele tem um sentido de despojamento total diante das coisas. Não tem nenhuma postura. Vê tudo como se estivesse vendo pela primeira vez. Não tem medo de esculhambar. Newton é um grande moleque. Jaguar: Você, evidentemente, não deve ter muito senso prático. Hoje em dia, fazer um filme, é, principalmente, uma operação comercial e financeira. Aparentemente você trabalha sozinho. Ou tem algum gerente? Fernando: Não, mas consigo arrumar pessoas mais loucas do que eu. Jaguar: Quem é que financia as suas maluquices? Fernando: Você viu o filme do Jorge Ben? Jaguar: Claro. Aliás, adorei o filme. Fernando: Esse filme foi financiado pelos dois caras mais loucos que existem no Brasil. Um é japonês voador chamado Massao Ohno (risos). Jaguar: Massao Ohno certa vez publicou um livro meu. Imprimiu, ficou uma nota, e nunca pôs à venda. Eu não entendo esse cara. Fernando: Maluco total. Outro é Aurora Duarte. Jaguar: Hoje, quanto sai um filmezinho modesto? Fernando: No mínimo, uns 600 milhões. Jaguar: Esses 600 milhões não se encontra no Peg-Pag. Rose: Assaitando o Peg-Pag? Jaguar: E as pessoas continuam a fazer filmes. É isso que eu acho Impressionante. E quase impossível fazer um filme. Fernando: A partir de 1968, houve uma mudança radical no cinema brasileiro. Tornou-se muito difícil fazer cinema. O cinema autoral entrou em crise... Pela exigência de produções mais caras – principalmente o uso da cor, que encarece muito o filme. E veio novamente a neo-chanchada. Jaguar: Ainda Agarro Essa Vizinha. Fernando: Agora, tudo indica que a política autoral voItou. A partir de São Bernardo, que é muito importante nesse sentido. Leon Hirszman retoma a tradição de cinema autoral. Aquela boa-vida que Jaguar disse que cineasta tem: pra fazer São Bernardo Leon penou. Poucas pessoas sofreram tanto pra fazer uma obra de arte. Leon esteve na rua da amargura, foi injustiçado, chamado de coisas incríveis pra fazer um filme digno: São Bernardo. Depois disso vieram Sagarana, Os Condenados. Jaguar -- Tá abrindo uma nova. Vocês estão vendo a luz no fim do túnel. Só espero que não seja um trem vindo na direção oposta. Jaguar: Qual o seu relacionamento com os críticos? Demo: Existe algum que te apóie? Jaguar: Existe algum vislumbre de melhoria na crítica? Fernando: Tem algumas pessoas que eu acho sérias, como o Fernando Ferreira, por exemplo. Jaguar: Qual é o cara com quem você tem mais ligações de idéias? Fernando: Julinho Bressane e Rogério Sganzerla. Jaguar: Por falar nisso cadê o Sganzerla? Fernando: Tá na Bahia. Vai voltar a trabalhar, tá com planos maravilhosos. Julinho chegou do México há uns quinze dias atrás. Jaguar: Essa pergunta é inconcebível numa entrevista de alto-nível como esta, mas você vai ter ter tempo para responder. Quais são os dez filmes que, digamos, levaria para uma ilha deserta? (risos). Fernando: Perguntaram ao Chesterton quais eram os dez livros que ele levaria para uma ilha deserta. Ele disse: "Só levaria o "Manual dos Construtores de Barcos"." Jaguar: Não sai por essa tangente não. Isso é importante pra localizar você. Fernando: Filmes brasileiros? Jaguar: Filmes de todos os tempos. Não são os melhores filmes, mas o mais importante pra você em determinada época. Pode ser Bambi, pode ser até um filme de Maciste. O primeiro filme de Maciste, com Steve Reeves, é maravilhoso. Esquece ilha deserta, se você não gostou da idéia. Fernando: Eu teria que fazer uma pesquisa, para incluir o primeiro filme que eu vi. O primeiro filme que eu me lembro de ter visto foi Os Três Padrinhos. Hoje eu não sei qual é, porque esse filme tem três versões. Mas foi o primeiro filme que eu vi. Rose: Por que, te impressionou? Fernando: Me impressionou profundamente. (Sussurros) Outro filme que que impressionou bastante – como garoto, não como cineasta – foi Gunga Din. Jaguar: Gunga Din! Eu também! Cary Grant chegando sozinho e dizendo pra 200 hindus: "Estão todos presos." Sarro! Fernando: Outro filme em que eu me diverti muito, que me pareceu de um nonsense total, foi Escola de Sereias. Rose: Passou outro dia na televisão, com Esther Williams. Jaguar: Carlos Ramírez cantando: ao lado da piscina "Bonequinha Linda..." Fernando: Todo um tropicalismo já tá naquele filme. Houve outro filme nesse esquema chamado Paixões Tormentosas, com Maria Antonieta Pons. Todos: Aah! (gritos e sussurros) Fernando : Esses filmes passavam no Cine Jandaia, na Bahia. Quando ela começava a dançar, jogavam camisas pra cima, tiravam o sapato, a chamada esculhambação total. Depois eu vi esse filme noutro cinema, o Popular. Esse cinema, atrás da tela, tinha uma espécie de arquibancada. Rose: Atrás? Fernando: O pessoal pagava meia, assistia o filme atrás da tela pelo avesso. Agora vamos dar um pulo: O Cão Andaluz, Joana D’Arc do Dreyer, e tudo que é feito pelo Bresson. Jaguar: Um Condenado à Morte Escapou. E um filme muito chato, mas é um filme perfeito. Rose: Eu ouvi um negócio de "maldito" aí. Por que ele é maldito? E ele também se acha. Falou no começo da entrevista que tudo que fazia não dava certo. Jaguar: É que todo mundo odeia ele. Rose: Por que todo mundo odeia ele, Jaguar? Jaguar: (enfurecido) Porque ele é odioso! Abominável! Fernando: Cada vez mais eu acho que o grande problema do artista moderno é não se comunicar. "Eu procuro uma dificuldade." Jaguar: Ô garotão, cumé quié? Explica isso aí. Fernando: Eu acho que em arte – aquele negocio do Chacrinha – quem não se comunica se trumbica. Uma abelha se comunica, uma formiga se comunica, uma máquina se comunica. Comunicação é uma coisa mecânica. E o problema do artista é criar dificuldades. E dar informações novas. Fugir à redundância. Se expor à entropia, dispor à entropia. Um artista, na medida em que comunica, renega a coisa mais importante que tem dentro dele, que é o dado novo que pode dar. Comunicação é pra formigas e abelhas, mas não pra homens. Os homens têm que interpretar. Jaguar: Esta entrevista esta sendo feita no dia 26 de setembro de 1974. O que está pintando pro cinema brasileiro? Ferdy: Fernando falou que a partir de São Bernardohouve um momento no cinema nacional. Depois disso houve outros. Vai Trabalhar Vagabundo, Joanna Francesa. A Rainha Diaba. Sagarana. Tá acontecendo uma maturidade no cinema nacional. Fernando: Acho que sim. Parece que quase todos os diretores que naquela época estavam muito preocupados com uma visão pessoal das coisas estão querendo abrir um pouco. Glauco: Em que você está pautando o seu cinema? Fernando: Todo mundo está querendo incorporar dois tipos de experiência. A experiência que foi dada pelo cinema, autoral – e com o cinema novo houve um cinema como o de poucos países, do diretor ser dono de seu filme, fazer o que quiser com ele. Isso deu uma liberdade, deu em que a maior parte dos diretores brasileiros sabem dominar e articular a sua linguagem – junto com uma coisa mais ampla, vai conseguir um cinema de sucesso de público, Jabor (Arnaldo) fez o filme mais maldito que foi Pindorama e depois fez um grande sucesso de público, Toda Nudez Será Castigada. Glauco: Nós estamos num impasse. Nós vamos caminhar com o cinema urbano ou com a estrutura do cinema novo? Fernando: Acho que.a tendência de todo mundo é conjugar as duas coisas. Jaguar: Seus filhos, têm quantos anos? Fernando: 15, 14, 6 e 7 meses. Jaguar: Você concorda com a frase lapidar de Millôr Fernandes: "Filho é um nervo exposto?" (gritos e sussurros) Fernando: Acho maravilhoso ter filhos. Jaguar: Você é um artista maldito que acha que filho é uma dádiva divina. Que maldito de araque! (risos) (acusadores). Você nem ao menos toma absinto, como Baudelaire! Fernando: E continuo frustrado por não ter feito um filme com você. (Entrevista publicada em O Pasquim, em 12 de novembro de 1974)
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