sexta-feira, 16 de setembro de 2022
Bahia Terra da Felicidade?
Osvaldo Campos Magalhaes*
Segundo dados divulgados no 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Estado da Bahia registrou 7,1 mil mortes violentas e liderou o ranking nacional em números absolutos, superando os estados do Rio de Janeiro e São Paulo. A violência na Bahia atingiu principalmente os jovens negros do sexo masculino, com idade entre 15 e 21 anos. O Anuário também aponta que cresceu a diferença na expectativa de vida entre homens e mulheres, sendo que a Bahia apresenta uma das maiores amplitudes, com as mulheres vivendo mais de nove anos que os homens, com uma expectativa de vida chegando há 79 anos. A diferença nas expectativas de vida entre homens e mulheres reflete os altos níveis de mortalidade, principalmente de jovens, por causas violentas, que incidem diretamente na esperança de vida ao nascer da população masculina. Para se ter uma real dimensão da violência no Brasil, vale destacar que os 61,5 mil assassinatos cometidos em 2016 equivalem, em números, às mortes provocadas pela explosão da bomba nuclear que dizimou a cidade de Nagasaki, no Japão, em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial. No que diz respeito às Unidades da Federação, é possível notar uma grande disparidade: enquanto em São Paulo houve uma redução de 49,4%, nos últimos 10 anos, na Bahia o aumento da taxa de homicídios de jovens superou os 200% no mesmo período. Já a letalidade das polícias nos estados brasileiros aumentou 25,8% em relação a 2015: 4.224 pessoas foram mortas em decorrência de intervenções de policiais civis e militares. Quase a totalidade das vítimas é homem (99,3%), jovem (81,8%), tem entre 12 e 29 anos e é negra (76,2%). O número de policiais mortos também aumentou 17,5% em relação a 2015: 437 policiais civis e militares foram vítimas de homicídio em 2016. O acentuado crescimento da violência e dos assassinatos de jovens baianos assim como a liderança da Bahia, desmente a enganosa propaganda do Governo do Estado e comprovam a falência do nosso sistema educacional público e a deficiência dos programas de inclusão social e de geração de empregos. O governo baiano nos últimos quinze anos equivocadamente priorizou investimentos em mega projetos que não conseguiram se materializar, como o Porto Sul, FIOL, Estaleiro Enseda e a ponte Salvador - Itaparica, que, tendo recebido recursos públicos superiores a R$6.5 bilhões, beneficiariam principalmente as grandes empreiteiras. O governo do Estado da Bahia também relegou a segundo plano a população do semiárido baiano, que não foi beneficiado pela transposição das águas do São Francisco nem pela construção de novos açudes. A migração dos jovens das áreas rurais para as regiões metropolitanas agravaram a questão do desemprego, das drogas e da violência e explicam a liderança da Bahia@.
*Engenheiro e Mestre em Administraçáo - UFBA
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário