Gilmara Santos*
Peça-chave para
melhorar a qualidade de vida, mobilidade passa por mudanças em três eixos
principais: público, privado e de cargas
Essencial para a
qualidade de vida da população em grandes metrópoles, a mobilidade está
naturalmente no centro do debate público. Nos últimos anos, com grandes obras
de infraestrutura em razão da Copa do Mundo e da Olimpíada do Rio, o tema
ganhou ainda mais importância.
Os investimentos em
melhorias já começaram e devem ganhar ainda mais força com as mudanças
previstas na Lei de Mobilidade Urbana, de 2012, que trata da ampliação do
transporte público. Ainda que o desempenho econômico prejudique o repasse de
recursos, especialistas afirmam que os investimentos já começam a surtir efeito
no cotidiano dos moradores de cidades como São Paulo, Rio e Salvador.
Além disso, o uso de
novas tecnologias tem permitido às autoridades maior conexão com seus cidadãos,
aumentando a agilidade em caso de problemas.
A reinvenção não
passa somente pelos modais coletivos. O uso de bicicletas também cresce,
impulsionado pelo patrocínio de empresas que querem ter suas marcas ligadas ao
progresso da mobilidade. Nos carros, a conexão à internet chega para atender ao
desejo dos novos consumidores.
Melhorar
a mobilidade nas grandes cidades não é impossível. Cidades como Bogotá, na
Colômbia, e Santiago (Chile) são exemplos na América Latina de que é possível
reformar o transporte público. Estolcomo, na Suécia, Londres, no Reino Unido, e
Barcelona, na Espanha, também são fontes de boas soluções.
"Esses
lugares entenderam há muito tempo que é necessário pensar a cidade como um todo
e que todos os aspectos estão relacionados", afirma o arquiteto Ciro
Pirondi, diretor da Escola da Cidade.
Inspirado
no sistema de transporte público de Curitiba, Bogotá apostou no veículo leve
sobre pneus (VLP) para resolver o problema de mobilidade na cidade.
O modelo
paranaense ganhou melhorias: o chamado TransMilenio colombiano permite que se
façam ultrapassagens, o que aumenta a velocidade dos ônibus.
"Bogotá
chegou a ter um colapso no transporte público, porque muita gente migrou para o
coletivo. É claro que o ideal é o equilíbrio entre os modais, mas isso mostra
que, quando o transporte público funciona, há um incentivo natural para
usá-lo", diz Luiz Vicente Figueira de Mello, do Mackenzie.
O
transporte público de Santiago, capital chilena, é considerado um dos melhores
da América Latina.
O
Transantiago teve toda a operação da rede integrada em 2007. O sistema anterior
era operado por mais de mil operadores independentes, com itinerários
redundantes e ônibus antigos. A cidade tem cinco linhas de metrô
interconectadas e rápidas.
Em
Estocolmo, a integração de ônibus, metrô, bondes e até barcos foi a saída
encontrada para garantir a mobilidade. Além disso, a cidade instituiu o pedágio
urbano.
Num
primeiro momento, o pedágio seria cobrado por seis meses e depois a população
seria consultada sobre sua permanência.
"O
sistema deu certo e os moradores pediram a volta do pedágio urbano",
afirma Luiz Vicente Mello.
"Cidades
como Estolcomo, Londres e Milão optaram pelo pedágio urbano e acho que é uma
opção", diz o arquiteto, urbanista e professor emérito da FAU-USP, Candido
Malta Campos Filho.
Já Barcelona
aproveitou a realização dos Jogos Olímpicos de 1992 para modernizar o
transporte coletivo da cidade –assim como tenta fazer, agora, o Rio de Janeiro.
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