sábado, 30 de abril de 2022
Mercado Modelo - origem
No início do século 20, a estrutura do bairro do Comércio de Salvador foi bastante modificada com a ampliação do Porto e seus aterros. Antes existiam alguns centros comerciais, com seus próprios cais. Com o novo Porto, esses cais foram desativados.
O Mercado Modelo começou a ser construído em 1911, em um local que pertencia a Marinha, ao lado da Praça Cayru. Foi inaugurado em 9 de dezembro de 1912, com cerca de 2.400 m² (40m x 60m), ainda seu a sua famosa Rampa. Foi construído pela Companhia Cessionária do Porto da Bahia. Mas houve outras inaugurações, como indicaram jornais da época: uma em maio de 1913 e outra em janeiro de 1914.
O Mercado tinha estrutura metálica com marquises, telhado com três níveis, permitindo boa ventilação e iluminação natural, e cobertura de zinco. Tornou-se o principal centro de abastecimento da Cidade, comercializava-se principalmente gêneros alimentícios, mas se vendia de tudo.
Em 3 dezembro de 1913, o jornal Gazeta de Noticias publicou uma reportagem sobre os altos alugueis cobrados pelos cômodos do Mercado, pela Prefeitura.
Essa arquitetura, em estilo industrial, não agradou muito aos baianos. Em agosto de 1915, a Intendência Municipal abriu concorrência para sua reforma e ampliação. A única proposta foi a dos engenheiros Filinto Santoro e Portella Passos, que foram contratados. O Mercado Modelo ganhou, então, sua conhecida arquitetura, em estilo eclético. Ao que parece, tratou-se de uma fachada que envolveu a estrutura existente de 1912.
Com o tempo, o Mercado Modelo transformou-se em referência cultural da Cidade. Lá vendiam-se todos os ingredientes da culinária baiana, existiam frequentes rodas de capoeira e ouviam-se todos os ritmos musicais dessa Terra. Escritores, pintores e outros artistas inspiravam-se no local.
Em 1917, o Mercado sofreu o primeiro incêndio, com danos parciais. Em 1922, um segundo incêndio destruiu grande parte de sua estrutura. Um terceiro incêndio ocorreu em 1943, com danos parciais. Em 1º de agosto de 1969, ocorreu o último incêndio, que destruiu completamente o antigo Mercado Modelo.
Em dois de fevereiro de 1971, um novo Mercado Modelo foi inaugurado no antigo prédio da Alfândega. Seu comércio, entretanto, passou a ser principalmente o artesanato e lembranças da Bahia para turistas.
Reforma e ampliação do Mercado Modelo
Em 1913, Filinto Santoro se transfere para Salvador. O primeiro trabalho desenvolvido pelo engenheiro napolitano em terras baianas é a reformulação do Mercado Modelo . O Mercado Modelo havia sido originalmente construído entre 1911 e 1912, como parte das obras do porto sob a responsabilidade da Companhia Docas e Melhoramentos da Bahia:
Tratava-se de um edifício retangular, medindo, aproximadamente, 40x60 m, envolvido por marquises. Estrutura metálica, importada, com cobertura, constituída por três telhados superpostos, de modo a permitir boa ventilação e iluminação naturais, este edifício foi, provavelmente, o primeiro edifício inteiramente metálico montado na Bahia.
Como “a simplicidade de sua forma geométrica e o material empregado – perfis metálicos e chapas de zinco – não causaram boa impressão” e “o primeiro exemplar de arquitetura industrial não foi bem aceito na capital barroca do país” (loc. cit.), em 12 de agosto de 1915 a Intendência Municipal abriu uma concorrência para ampliação e reforma do mercado. Foi apresentada uma única proposta, dos engenheiros Filinto Santoro e Portella Passos, que foram consequentemente contratados para realizar a intervenção.
Os anexos previstos na concorrência, que deveriam ampliar a área do mercado em 900,00 m2 e incluíam um pavilhão especial para as “sentinas” e um novo “hangar” para as feiras exteriores, não foram jamais construídos.
O que de fato foi executado segundo o projeto de Santoro foi um anel periférico, constituído de 55 lojas voltadas para o exterior, e fechado por uma fachada de cimento armado aposta ao edifício em estrutura metálica existente. Esta fachada possuía dez portões de acesso ao grande espaço central do mercado, sendo três em cada uma das fachadas principais e dois em cada uma das fachadas laterais. Os dois maiores portões, localizados no eixo central das fachadas principais, tinham tratamento monumental em arco do triunfo. Destacavam-se na volumetria deste anel periférico os seis torreões, “com janelas de oxímez, cada qual ocupando a área de três lojas”. Certamente as experiências prévias de Santoro nos projetos do Mercado Municipal de Manaus e do Mercado de São Braz em Belém lhe foram úteis na elaboração deste projeto.
Apesar do Mercado Modelo ter passado por dois grandes incêndios em 1922 e 1943, foi a configuração dada por Santoro que ele conservou até a sua destruição total por um suspeito incêndio no dia 1º de agosto de 1969
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