Paulo Câmara*
Comecei a fazer este artigo para falar do meu encantamento pela
formação singular de Salvador. A ideia era passar uma vista sobre alguns
momentos da história, desde a Kirymure dos tupinambás, passando pela
aldeia já mestiça e religiosa de Caramuru, até chegar a Salvador como
cidade. Lembrar que a coroa portuguesa ergueu aqui uma capital do novo
mundo, planejada e construída como tal, muito antes que Brasília.
Mostrar que a primeira capital do Brasil, desde o início, é uma cidade
voltada para o futuro.
Mas esta cidade miscigenada que se insinua e seduz pelo relevo em dois
andares - cidade alta e cidade baixa - tem uma força de atração que
merece ser melhor sentida, e assim melhor compreendida e cuidada, como
uma mãe que pede atenção permanente dos seus filhos. E nesse ponto
resolvi mudar a direção do que escrevia. Salvador aniversaria em março,
mês da mulher, certamente por uma coincidência afirmativa do seu
resplendor, do seu brilho, dessa luz e desse mar únicos, e o quanto isso
nos obriga a um firme compromisso com essa senhora, que faz 466 anos, e
merece muito mais respeito e consideração.
De certo que temos resgatado o entusiasmo e a responsabilidade com a
cidade. Nos mobilizamos para que a política possa ser mais transparente e
participativa. Mostramos que não aceitamos passivamente o que estão
fazendo com o nosso país, como não aceitamos o que antes fizeram com
nossa cidade. E isso me dá uma enorme esperança.
Salvador merece que façamos tudo por ela. Apenas começamos a dar um
jeito nas coisas, e, em nome das melhores tradições, vamos nos mobilizar
e unir mais ainda, somar apoios. A hora é de aglutinar protestos e
vozes pontuais em torno desse projeto que resgata a capital. É hora de
Salvador insistir no que é lindo e mostrar seu talento e criatividade ao
mundo - como já fizemos em outros momentos. Vamos bater no peito com
orgulho e voltar a ser modelo para a Bahia e para o Brasil, como farol
apontado para o futuro desde 1549.
*Deputado, foi presidente da Câmara Municipal de Salvador
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