quinta-feira, 23 de maio de 2019

A obra de Jorge Amado que retrata Salvador

Conhecer Salvador através dos olhos de Jorge Amado. O autor de clássicos da literatura brasileira como Gabriela, Cravo e Canela, Jubiabá e Capitães da Areia viveu em Salvador por muitos anos e a cultura da cidade foi fonte inspiradora de varias de suas obras. Um dos responsáveis por projetar costumes, belezas e mistérios do povo baiano, o escritor, que nasceu em Itabuna, sul do estado, reúne no livro Bahia de Todos os Santos o convite ideal para se apaixonar pela cidade da Bahia, como chamava Salvador.
Autor
Jorge Amado nasceu em 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia, distrito de Ferradas, em Itabuna, sul da Bahia. O pai, fazendeiro de cacau, João Amado de Faria, e a mãe, Eulália Leal Amado, levaram o escritor com um ano de idade para viver na cidade de Ilhéus, também no sul do estado, onde passou a infância e depois mudou para Salvador.
Se dedica à escrita ainda jovem, quando começa a trabalhar em jornais e participa da vida literária. Em 1931 lança o primeiro romance, O País do Carnaval, aos 18 anos, e no mesmo ano entra para a Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, onde passa a morar. Jorge Amado nunca exerceu a profissão de advogado.
Com atuação política marcante, traduzida em obras como Seara Vermelha (1946), Jorge Amado foi eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), como representante de São Paulo, em 1945. O escritor foi casado duas vezes, a primeira com Matilde Garcia Rosa, em 1933, com quem viveu durante 11 anos e teve uma filha, Eulália Dalila Amado, que morreu em 1949. Viveu exilado na Argentina e Uruguai, entre 1941 e 1942, e separa de Matilde ao retornar, em 1944.
Em frente à Fundação Casa de Jorge Amado, no Largo do Pelourinho, em Salvador, os eternos companheiros Jorge Amado e Zélia Gattai (Foto: Acervo Zélia Gattai/Fundação Jorge Amado)Em frente à Fundação Casa de Jorge Amado,
os eternos companheiros Jorge Amado e Zélia
Gattai (Foto: Acervo Zélia Gattai/
Fundação Jorge Amado)
Após a separação, já em 1945, Jorge Amado casa com Zélia Gattai, companheira até os últimos dias de vida e com quem teve João Jorge e Paloma.
A partir de 1955 se afasta da política e passa a se dedicar exclusivamente à literatura. Assume a cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras em 1961. Ateu, graças a Deus, Jorge Amado era obá do Ilê Axé Opó Afonjá, terreiro de candomblé que fica no bairro do Cabula, em Salvador.
Jorge Amado morreu em Salvador, dia 6 de agosto de 2011, aos 89 anos. A casa de número 33, na Rua Alagoinhas, do tradicional bairro do Rio Vermelho,  em Salvador, foi transformada em museu e abriga as cinzas e memórias do escritor que apresentou a Bahia ao mundo, em especial Salvador, no livro Bahia de Todos os Santos, com todas as qualidades e defeitos. Com mais de quarenta títulos, a obra de Jorge Amado já foi traduzida para 49 idiomas e teve adaptações para a televisão, cinema e teatro.
Capa da 1ª edição do livro Bahia de Todos os Santos, de 1945 (Foto: Acervo Zélia Gattai/Fundação Jorge Amado)Capa da 1ª edição do livro Bahia de Todos os
Santos, de 1945 (Foto: Acervo Zélia Gattai/
Fundação Jorge Amado)
Bahia de Todos os Santos
“A Bahia te espera para sua festa mais quotidiana. Teus olhos se encharcarão de pitoresco, mas se entristecerão também ante a miséria que sobra nestas ruas coloniais onde começam a subir, magros e feios, os arranha-céus modernos”.
O trecho acima do livro Bahia de Todos os Santos - Guia das Ruas e dos Mistérios da Cidade do Salvador, que teve a primeira edição em 1945, convida o leitor a conhecer a capital baiana e compreender belezas e contrastes do ano de 1944.
A publicação perpassa por ruas, costumes, segredos, personalidades, gastronomia, religião, festas, praias, entre outros aspectos e locais pertencentes à cidade e ao povo. Com requinte e simplicidade do autor, Bahia de Todos os Santos é um roteiro da cidade da Bahia, a Salvador.
O guia foi atualizado para a 19ª edição em 1970, devido ao crescimento da cidade. Apesar de mudanças sofridas com o tempo e em franca expansão, Jorge Amado retrata no livro o espírito do baiano que ainda é percebido nos dias atuais. No início e fim da publicação, o autor dirige o convite a conhecer prazeres e dores da cidade a uma leitora imaginária. Em Bahia de Todos os Santos, Jorge ainda destaca a música do amigo, também baiano, Dorival Caymmi: “Você já foi à Bahia, nêga? Não! Então vá...”. A escrita do autor é o retrato fiel da Bahia...de Jorge e de todos os santos.

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