Pedro Tourinho*
Anos em que acompanhávamos fervorosamente a carreira de cada um deles, íamos como em romaria para cada um dos shows, curtíamos todos os momentos, todas as músicas novas e inéditas, e chorávamos no Mistério do Planeta do bis, quando a Menina Dançava e no Tinindo Trincando de cada música do repertório.
Anos em que o horário em que Baby passava com seu trio no carnaval não coincidia com o horário do trio de Moraes, de Paulinho Boca, e de Pepeu. Aliás, anos em que esperávamos o Encontro dos Trios, na expectativa de que fosse também a possibilidade de um reencontro dos nossos novos baianos.
Anos em que nós, fãs, buscávamos pistas como num mapa do tesouro cósmico, juntávamos peças de um quebra cabeça amoroso e sonoro, cantávamos juntos e nos reconhecíamos na paixão de outros fãs, como uma tribo gigantesca louca para se reunir em qualquer evento ou possibilidade que chegasse o mais próximo possível do que foram os anos 70 dos Novos Baianos.
Nos últimos anos, a expectativa só aumentou. Moraes faz turnê em homenagem aos 40 anos do Acabou Chorare, Baby volta aos palcos com um espetáculo que arrastou multidões, encantou a crítica e junto com Pepeu faz um dos shows mais importantes da história do Rock in Rio. Pepeu, por sua vez, anuncia turnê dos seus 50 anos de carreira. Paulinho Boca, militante do carnaval sem cordas, mantém a chama viva fazendo shows em
todo canto, Galvão solta o verbo em livros e posts pelo mundo digital e Jorginho, Dadi e Didi seguem tocando para grandes multidões pelo país.
Depois de tantas décadas, os Novos Baianos estão mais ativos, significantes e significativos do que nunca, assim como seu público, que não pára de crescer e de se renovar a cada geração. Em tempos tão sombrios, o momento cósmico, afetivo e artístico desse reencontro nunca foi tão fundamental.
E a espera acabou, como disse Moraes, “o destino fez seus planos, os laços das idéias e dos ideais nos fizeram irmãos. Somos um todo, a soma das partes, no oficio das artes. Por mais que a vida nos leve por caminhos diversos, o tempo se incumbe de promover encontros e reencontros. É bom que assim seja, pois quando acontece, é de forma intensa e verdadeira”.
No dia 15 de Maio de 2016, teremos Moraes Moreira, Baby, Pepeu Gomes, Paulinho Boca, Galvão, Jorginho, Dadi e Didi juntos em toda verdade e intensidade num grande reencontro com o público na reinauguração da Concha Acústica de Salvador. Com um repertório baseado em Acabou Chorare e Novos Baianos F.C, e possivelmente algumas surpresas, o show será o primeiro reencontro de todos eles em mais de 20 anos.
Se haverá outros shows? Se será uma apresentação ou o início de uma turnê, ainda não se sabe. *Não, não é uma estrada, é uma viagem, tão, tão viva quanto a morte, não tem sul nem norte, nem passagem.* E o mais importante: - *Não olhe, ande. *Na qualidade de fã, baiano e brasileiro, fica o agradecimento, a expectativa e a única certeza: domingo, na Concha, é ferro na boneca!
*Pedro Tourinho é CEO da NoPlanB
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