A presidenta Dilma Rousseff afirmou ontem em Salvador, que a área de mobilidade urbana passará a ter verba própria no Orçamento da União. Reconheceu em seu pronunciamento, que foi cometido um grande equívoco no passado, ao se pensar que os investimentos nos sistemas de Metrô eram excessivamente caros e não prioritários. Ao afirmar que a União através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade em Grandes Cidades injetará R$ 1 bilhão no segundo trecho do metrô de superfície de Salvador, assegurou que a questão passará a ser uma prioridade e uma grande novidade na política do governo federal. Conforme salientou a presidenta: "Não estou dizendo que vamos resolver todos os problemas. Estou dizendo que vamos dar passos decisivos para melhorar a qualidade do transporte público, algo essencial para um país que quer ser de classe média". As declarações de Dilma Rousseff podem representar uma importante guinada nas políticas públicas para as grandes cidades, que, como Salvador, encontram-se literalmente imobilizadas. O crescimento contínuo no número de automóveis e motocicletas aliado ao colapso no sistema de transporte público de passageiros vem causando engarrafamentos cada dia maiores e provocando prejuízos econômicos bilionários. Para se ter uma ideia, conforme estudos recentes, na cidade de São Paulo os engarrafamentos chegam a causar perda anual de R$ 35 bilhões à economia da cidade. No Rio de Janeiro as perdas chegam a R$ 12 bilhões por ano. A questão da mobilidade urbana se insere desta forma em importante tema nos debates e assunto prioritário na agenda dos futuros candidatos nas eleições municipais de 2012. O crescimento econômico registrado no Brasil na última década vem provocando na cidade de Salvador um extraordinário aumento no número de automóveis e o descontrolado crescimento do setor imobiliário sem o necessário ordenamento do uso do solo por parte do poder público municipal. Aliado a esta negligência da Prefeitura, os segmentos empresárias vem demonstrando excessiva ganância e completa falta de responsabilidade social. São exemplos claros do colapso urbano que se prenuncia o que já vem ocorrendo em algumas áreas da cidade, como na Avenida Luiz Viana Filho e na Rua Waldemar Falcão. A omissão e ausência de planejamento do poder público municipal vem desta forma causando danos irreparáveis à cidade. O caso da Rua Waldemar Falcão é bastante significativo, por ocorrer numa área nobre da cidade. É o caso de se imaginar o que não vem ocorrendo nas áreas mais populares e periféricas da nossa querida Salvador. O que era no passado uma estreita e bucólica rua, com grandes áreas ocupadas por casas e chácaras, se transformou num emaranhado de torres residenciais com mais de 30 andares, sem que houvesse o aumento da capacidade da via pública nem a exigência de implantação de estacionamentos para visitantes. Os gigantescos engarrafamentos na rua passaram a ser uma constante e o estacionamento dos carros sobre as calçadas geram perigo para os pedestres. Por ironia, este emaranhado de prédios da Waldemar Falcão em muito se assemelha ao atual logotipo utilizado pela Prefeitura de Salvador. As eleições municipais de 2012 podem representar uma oportunidade de se abandonar o atual modelo de gestão da cidade, excessivamente conivente e subordinada aos interesses do capital imobiliário. Contudo, é preocupante o fato de que os principais financiadores das campanhas políticas em Salvador são os segmentos empresariais relacionados ao transporte público de passageiros e à construção civil. Mais do que nunca, a sociedade civil soteropolitana precisa se mobilizar para possibilitar a implantação de uma radical mudança na gestão da nossa cidade, onde as questões do transporte público e do planejamento urbano sejam priorizadas e que as novas diretrizes para a mobilidade urbana, anunciadas por nossa presidenta, possam conduzir Salvador para uma nova era, onde a melhoria da qualidade de vida da sua população seja a principal prioridade. *Osvaldo Campos Magalhães é o editor deste blog. Foi candidato a vereador em Salvador pelo PSB, em 2008. Engenheiro Civil e Mestre em Administração, é especialista em infraestrutura de transportes.
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