sábado, 25 de outubro de 2025

O Barato que saiu muito Caro


Osvaldo Campos Magalhaes*

Retornando de Lençóis nessa sexta feira constatei o deplorável estado de conservação da BR 324. O principal acesso terrestre a Salvador se encontra em estado lastimável.

A via que liga Feira de Santana a Salvador, se não registrava engarrafamentos, apresentava inúmeros buracos e crateras, incrementados certamente pelo expressivo volume de chuvas dos últimos dias.

Enquanto isso, na pista que liga Salvador a Feira de Santana, registrei quatro imensos engarrafamentos, alguns provocados por acidentes nas pistas e outros pelo excessivo volume de tráfego na rodovia. A condição do pavimento certamente pouco se diferenciava da pista que tinha como destino Salvador.

Quando foram concessionados em 2009, os trechos rodoviários das BR 324, entre Salvador e Feira de Santana, e da BR 116, entre Feira e Cândido Sales, a expectativa entre os setores produtivos e usuários era muito grande, face ao grande volume de tráfego e pela importância do corredor rodoviário para a Bahia e todo Nordeste.

Contudo, uma modelagem mal feita do Edital, e, a interferência indevida da então Ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, priorizou a menor tarifa de pedágio a ser cobrada em detrimento da capacidade técnica das empresas e dos investimentos a serem realizados.

Essa decisão, afastou todas as grandes empresas nacionais do setor rodoviário e possibilitou que uma empresa espanhola, a Isolux, vencesse o leilão de privatização, mesmo sem ter qualquer experiência no setor rodoviário brasileiro.

O resultado dessa sucessão de erros vem prejudicando a economia da Bahia, que já sofria com a desativação da hidrovia do rio São Francisco e da quase completa paralisação do sistema ferroviário de cargas.

O maior absurdo é constatarmos que projetos mal elaborados como do Porto Sul, da FIOL, que deveria ter como ponto final a Baía de Todos os Santos, e, finalmente, o  equivocado projeto da ponte Salvador - Itaparica, colocado como prioritário, sem uma discussão mais ampla com a sociedade, e, antes que sejam equacionados os gargalos já mencionados. Certamente, na forma que está sendo direcionado o projeto da ponte, estará criando graves problemas para o trânsito de Salvador e imensuráveis questões urbanas e sociais em Itaparica.

Ao contrário da concessão das BRs 324 e BR 116, os valores a serem investidos na construção da ponte serão exorbitantes e as consequências nefastas do projeto serão incomensuráveis. 

*Engenheiro, Mestre em Administração, foi Superintendente de Transportes do Governo da Bahia e Assessor Especial da FIESP.

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