Armando Avena*
Quando se chega ao Cristo e os olhos percorrerem a praia até chegarem ao Farol da Barra, a certeza é imediata: estamos diante de uma das mais belas vistas do mundo. E, no entanto, a medida que se anda pelo calçadão um mistério começa a tomar forma, pois, ao invés de casas e apartamentos milionários e hotéis cinco estrelas, como se vê em Copacabana, Nápoles ou Fortaleza, o que se vê são casas abandonadas, restaurantes e pousadas de quinta categoria, agencias bancárias e estacionamentos. E tudo piora a medida que se chega ao Porto, quando a barra começa a ficar pesada e as sub habitações se misturam ao tráfico de drogas. A Prefeitura requalificou toda a região e o projeto tendo como base uma tendência internacional de “espaço compartilhado” deu cara nova ao bairro e, no entanto, a degradação continua. O que explica o mistério da Barra? Dez entre dez especialistas põem a culpa no Carnaval. E eles tem razão. Não só porque os proprietários deixam os imóveis se degradando e no fim do ano ganham milhões alugando-os para os camarotes, mas também porque não faz sentido manter um mega carnaval de trios elétricos num bairro residencial. E suspender o alvará desses imóveis, como fez a Prefeitura, é mero paliativo.
Na verdade, é preciso tirar da Barra o mega carnaval de trios elétricos e camarotes, deixando ali apenas o Fuzuê e o Furdunço e o carnaval de blocos. A montagem de toda estrutura do carnaval e dos enormes camarotes inviabilizam a Barra como bairro residencial e trazem poucos benefícios para a cidade. Os camarotes são verdadeiros enclaves, já que muito pouco deixam em termos de investimentos e benefícios, criam uns poucos empregos e lucram muito se beneficiando das atrações pagas pelas empresas ou pelo poder público.
Está na hora do carnaval sair da Barra que nunca teve tradição carnavalesca”, afinal o carnaval foi parar ali porque em 1996 Daniela Mercury resolveu levar o Crocodilo para desfilar no Farol. E, vale lembrar, que o impacto na economia será pequeno, já que os milhares de turistas que vem à Salvador para o carnaval continuarão vindo não importa onde ele seja, os hotéis continuarão cheios em toda a parte, os blocos seguirão desfilando e os mesmos os donos de camarotes continuarão colocando suas mega estruturas em outro lugar.
*Armando Avena, é economista. Foi Secretário de Planejamento do Governo da Bahia. Artigo originalmente publicado no jornal A Tarde
Quando se chega ao Cristo e os olhos percorrerem a praia até chegarem ao Farol da Barra, a certeza é imediata: estamos diante de uma das mais belas vistas do mundo. E, no entanto, a medida que se anda pelo calçadão um mistério começa a tomar forma, pois, ao invés de casas e apartamentos milionários e hotéis cinco estrelas, como se vê em Copacabana, Nápoles ou Fortaleza, o que se vê são casas abandonadas, restaurantes e pousadas de quinta categoria, agencias bancárias e estacionamentos. E tudo piora a medida que se chega ao Porto, quando a barra começa a ficar pesada e as sub habitações se misturam ao tráfico de drogas. A Prefeitura requalificou toda a região e o projeto tendo como base uma tendência internacional de “espaço compartilhado” deu cara nova ao bairro e, no entanto, a degradação continua. O que explica o mistério da Barra? Dez entre dez especialistas põem a culpa no Carnaval. E eles tem razão. Não só porque os proprietários deixam os imóveis se degradando e no fim do ano ganham milhões alugando-os para os camarotes, mas também porque não faz sentido manter um mega carnaval de trios elétricos num bairro residencial. E suspender o alvará desses imóveis, como fez a Prefeitura, é mero paliativo.
Na verdade, é preciso tirar da Barra o mega carnaval de trios elétricos e camarotes, deixando ali apenas o Fuzuê e o Furdunço e o carnaval de blocos. A montagem de toda estrutura do carnaval e dos enormes camarotes inviabilizam a Barra como bairro residencial e trazem poucos benefícios para a cidade. Os camarotes são verdadeiros enclaves, já que muito pouco deixam em termos de investimentos e benefícios, criam uns poucos empregos e lucram muito se beneficiando das atrações pagas pelas empresas ou pelo poder público.
Está na hora do carnaval sair da Barra que nunca teve tradição carnavalesca”, afinal o carnaval foi parar ali porque em 1996 Daniela Mercury resolveu levar o Crocodilo para desfilar no Farol. E, vale lembrar, que o impacto na economia será pequeno, já que os milhares de turistas que vem à Salvador para o carnaval continuarão vindo não importa onde ele seja, os hotéis continuarão cheios em toda a parte, os blocos seguirão desfilando e os mesmos os donos de camarotes continuarão colocando suas mega estruturas em outro lugar.
*Armando Avena, é economista. Foi Secretário de Planejamento do Governo da Bahia. Artigo originalmente publicado no jornal A Tarde
Excelente percepção, faz anos que venho batendo nesta tecla inclusive com textos e imagens em meu humilde blog, https://bbmussi.wordpress.com/
ResponderExcluirParabéns e sigo com minhas esperanças pelo óbvio batendo nisso e trabalho pelo projeto Fundo da Folia que dentre outras coisa já conseguiu a criação do Parque Marinho da Barra. Creio que junto aos demais patrimônios culturais da região reforçam nossos argumentos pela retirada dos trios e camarotes do circuito da Barra, e a diminuição dos dias de festa. Parabéns e obrigado pelo reforço de peso aos nossos sonhos...
Concordo
ResponderExcluirPrincipalmente pq é uma falta de respeito aos moradores, no caso do edifício Oceania, minha mãe saí o verão todo, idosa, tem muito idoso q mora nessa área, sem falar do cheiro de mijo
Sou totalmente a favor da retirada do carnaval da Barra, a nossa orla de fora a fora é degradante, até a orla em Mindelo é superior!
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